lundi 27 décembre 2010

EDITORIAL

Eis-nos no Natal ! Natal de novo ! E chegam-nos as saudades daquela infância em que o tempo passava lentamente e o Natal ficava sempre num futuro tão distante que, de vez em quando, íamos a correr para junto das nossas mães : « Ó mãe, então o Natal nunca mais chega ?! »
E eis que chega de novo! Todavia, a sua chegada não nos cansa nem aborrece. Natal tem o sabor da novidade de Deus. Alguém disse um dia que Deus é eterna Juventude. Que enquanto em nós o tempo deixa as suas marcas, há um passado que sempre nos acompanha e um futuro que por vezes nos angustia, Deus é o eterno presente, n’Ele tudo se faz sempre novo. « Eis que faço novas todas as coisas » !
As palavras ditas por Deus há milhares de anos têm o sabor fresco da novidade, sempre que lhes abrimos com verdade o nosso coração. Os sinais e gestos de Deus, gestos de proximidade e de encontro, vistos com o olhar da Fé, têm sempre o gosto e o reflexo de uma primeira madrugada. São como o raiar do sol, em cada novo dia…

Deixemos, caros emigrantes do cantão de Vaud, que este Natal, em nós, tenha o sabor da novidade ! O sabor do acolhimento de um Deus que se faz Menino, que encarnou (como dizemos ao rezar o Credo) para melhor experimentar o nosso mundo e viver as alegrias e os sofrimentos de cada homem e cada mulher! « Em tudo igual a nós excepto no pecado » - assim foi a vida terrena do Filho de Deus, Aquele de quem celebramos uma vez mais o nascimento.

Não nos inquietemos se o Pai Natal povoa a imaginação das nossas crianças, mas não nos esqueçamos de dizer-lhes a verdade. A verdade sobre o Natal ! Que nas nossas casas não falte nunca um pequeno presépio ! E falai aos vossos filhos de Maria e de José, do Menino que também é Deus e dos pastores que foram os primeiros a reconhecer n’Ele o Messias ; dos Magos que vieram de longe e de como Herodes (um rei tão astuto e poderoso !) se assustou e teve tanto medo que até tentou matar um Menino tão frágil e indefeso!

Em meu nome e no de todos os sacerdotes e colaboradores da Missão, a todos vós e às vossas famílias desejo um Santo e Feliz Natal e um 2011 repleto das Bênçãos do Menino Deus.

Pe. José Anastácio Alves

O PRESÉPIO

Por que nós cristãos fazemos o Presépio? Na verdade não é um ritual como os outros, ligados à tradição natalícia, mas é fazer reviver num lugar, muitas vezes personalizado com elementos novos, o acontecimento mais extraordinário e único da vinda do Salvador na historia humana. Desde a encarnação até ao nascimento de Jesus há a espera vigilante dos fiéis que na frente da manjedoura vazia esperam com Maria “os dias do parto”, os dias do nascimento do Salvador.
São os evangelistas Lucas e Mateus que descrevem pela primeira vez o “Auto Sacro” que vemos realizado ainda hoje, graças à iniciativa de São Francisco de Assis. - Ele foi o responsável pela composição do primeiro Presépio.

Foi feito na noite de Natal de 1223, em Grécio (Rieti - Italia), o “Auto” do nascimento de Jesus em Belém, num cenário natural e com personagens reais, todos envolvidos na lembrança do Acontecimento Sagrado. O amor e a devoção da “Encarnação da Palavra de Deus” e a necessidade de ver também com os olhos do corpo a fragilidade e a pobreza que foi circundando Jesus no seu nascimento, foi o motivo que estimulou São Francisco de Assis a fazer o Presépio. O exemplo de São Francisco fez escola e a devoção ao Menino Jesus tornou-se tradição na espiritualidade franciscana e em toda a Igreja.
O maravilhoso “auto” de Natal, que toma durante o passar do tempo o nome latim de “praesepium”, isto é “manjedoura”, de um lado estimula a fantasia dos primeiros cristãos, aparecendo para eles o mistério menos escondido de um Deus que se fez homem, de outro lado leva-nos a sublinhar alguns aspectos transcendentais como a divindade do Menino e a virgindade de Maria.
O Presépio é um “auto” rico de símbolos. Aparecem no Evangelho de São Lucas a manjedoura, a adoração dos pastores e a presença dos anjos no céu. Outros elementos pertencem a iconografia própria da arte sagrada: Maria com um véu azul que simboliza o céu, o boi e o burrinho que não podem faltar em todos os Presépios, vêm de uma antiga profecia de Isaías que diz: “o boi não reconheceu o seu patrão ...”. A gruta ou a estrebaria, onde nasceu o Messias não aparecem nos Evangelhos canónicos, porém segundo a tradição, foi construída a Basílica da Natividade neste lugar. Também temos poucas informações pessoais dos reis magos no Evangelho de São Mateus. Encontramos em documentos arménios antigos os nomes destes sábios orientais: Melkon, Gaspar e Balthasar. Assim eles entraram no presépio como símbolos das populações conhecidas naquele tempo, ou seja Europa, Ásia e África.
Fazemos o Presépio porque na simbologia natalícia por excelência, exprimimos o desejo de preparar um lugar interior para o Emanuel, Deus conosco, que vem habitar entre nós. Da esperança se passa a alegria, da espera ao nascimento, do Advento ao Natal, da realização do Presépio à contemplação do Menino Jesus.
Pe. Hélder da Silva

FESTA DO NATAL NAS COMUNIDADES DE VEVEY, MONTREUX E AIGLE

O clima nas nossas comunidades portuguesas de Vevey, Montreux e Aigle já é de muita alegria e expectativa para as festas que se aproximam. Carinhosamente, as nossas comunidades vão-se preparando para viver intensamente este tempo tão especial e marcante na vida do povo cristão. Vevey foi a nossa primeira experiência de intensidade para a abertura da preparação ao Natal. No dia 11 de Dezembro aconteceu a Festa do Natal no salão paroquial da paroisse Notre Dame de Vevey. Nossas catequistas que já se vinham preparando juntamente com nossas crianças da catequese, organizaram e prepararam este momento de alegria e convívio inesquecível para aqueles que lá estiveram. Antes de iniciar a nossa festa as catequistas e nossas crianças já lá estavam organizadas e anciosas com seus trajes representativos do Natal, dispostas a expressar o carinho através do canto.
O Padre Pedro Luis fez a abertura, falando da alegria e importância de viverem bem aquele momento ao mesmo tempo em que fazia um apelo a uma maior participação por parte dos pais, os quais deveriam esforçar-se mais, apesar do trabalho e da luta diária, para um melhor engajamento nos nossos momentos, em especial da Celebração Eucarística. As nossas catequistas apresentaram o significado do presépio, levando ao povo uma melhor compreensão das imagens que usamos nos nossos presépios.

Em seguida recitaram juntos a seguinte mensagem: QUANDO FOR O NATAL; “ Quando for o Natal vamos viver em harmonia e em paz! Quando for o Natal a humanidade pode enganar-se falando de termos esquecidos e já quase não vividos… Enfim, quando for o Natal podemos viver o que não vivemos durante o resto do ano! Será este o Natal que desejamos, ou será que o resto do ano é que anda às desavenças com aquilo que verdadeiramente queremos? Sempre que celebramos o Natal ou tentamos encetar a tarefa de lhe dedicar algumas palavras, tentamos escolher adjectivos e verbos para fazer sobressair a época festiva. Falamos de harmonia, paz, alegria… Tantas palavras que soam tão bem nesta época natalícia. Pois é… tentamos criar em alguns dias do ano a ilusão de que todo ano é assim vivido. Ficamos com o nosso íntimo plenos de satisfação por enfeitarmos uma árvore de Natal com arrebiques coloridos e transportamos para o nosso essa ilusão: adornamos os nossos sentimentos e o nosso ser nesta altura do ano. Podemos viver numa aversão total aos valores natalícios durante o ano mas nesta altura, sim, nesta altura parece bem! Há uma expressão de âmbito popular que diz que o Natal é sempre que o Homem quiser. Enfim, será mesmo assim? Pois é… O Natal está próximo. Sentimentos e desejos para esta festa? Sim, há muitos… Mas gostaria de expressar um só neste ano: que cada dia seja vivido com a verdadeira alegria cristã do nascimento de Jesus Cristo. Que a paz e comunhão transmitidas por este tempo festivo se estendam por todo o ano. UM SANTO E FELIZ NATAL PARA TODOS.”

A seguir a esta belíssima mensagem, chegou o momento muito esperado por todos: todas as crianças da catequese se uniram e formaram um Coro e numa só voz cantaram expressando o desejo de um FELIZ NATAL para todos. Depois foi a vez do PAI NATAL entrar de surpresa sentando-se em frente às crianças que vieram ao seu encontro e recebiam bombons de chocolate. Em seguida teve início o momento da partilha e do convívio com uma farta mesa com comidas típicas, resultado da abertura e participação e empenho de todas as pessoas que estão integrados nesta bonita comunidade portuguesa de Vevey. Sendo que também as comunidades de Montreux e Aigle farão este momento no domingo dia 19 de Dezembro. Em Aigle será logo após a missa e em Montreux terá início às 15:30 do dia citado.

Para todos um feliz Natal !!!

Pe. Pedro Luis e comunidades de Vevey, Montreux e Aigle

GRUPO DE JOVENS “TUGAS” EM LUCERNA

O grupo de jovens os “Tugas” foram a Lucerna visitar o Pe. Aloísio para lhe agradecer por tudo o que ele tinha feito durante os 4 anos passados em Lausanne. Os jovens deslocaram-se de comboio na madrugada do Domingo 21 de Novembro. Depois de um trajecto de duas horas, chegaram a Lucerna, onde tentaram encontrar o caminho da Igreja.
Só depois de umas voltas é que encontraram um dos responsavéis, que lhes indicou o caminho a seguir.

Os Tugas animaram a missa com os seus cânticos, foi celebrada com muita alegria e emoção. De facto, o
Padre Aloisio, recordando os momentos passados durante estes 4 anos com os jovens, emocionou-se...
Pouco depois, a seguir ao final da missa, os jovens foram convidados para almoçar na missão de Lucerna.

Um serviço podendo qualificar-se de luxo, foi oferecido aos jovens Tugas; um almoço de grande classe que agradou a todos. No final, foi visionado um vídeo que os jovens tinham oferecido ao Padre Aloisio, quando ele saíu da Missão Católica de Lausanne, para ele nunca se esquecer dos bons momentos passados com eles.
A jornada tendo acabado demasiado rápido, os jovens tiveram de caminhar até a estação de Lucerna para voltar a Lausanne.
Para concluir, os Tugas não vão esquecer tão rápido este dia, que demonstrou a simpatia e a generosidade da comunidade portuguesa de Lucerna. Essa mesma comunidade que ficou comovida pelo empenho dos Tugas, tendo o Padre Aloísio concluído que gostaria que os seus jovens de Lucerna criassem igualmente um grupo para animar a Missão Católica de Lucerna e espalhar a fé.
Pe. Aloisio, um grande obrigado !
Um Feliz Natal para todos !
Patrick Dias

A IMACULADA CONCEIÇÃO FESTEJADA NA LONGERAIE

No passado dia 8, apesar de esse ser um dia normal de trabalho no cantão de Vaud, foram muitos os portugueses que acorreram, já noite, à celebração da Imaculada Conceição, na igreja da Longeraie, em Morges.

Eram bem mais de 2 centenas, entre crianças, jovens e adultos, aqueles que quiserem estar presentes na homenagem à Senhora que o nosso Rei D. João IV, no longínquo ano de 1646 (6 anos após a Restauração da Independência), declarou como Padroeira e Rainha de Portugal.
Na verdade, no dia 25 de Março de 1646, perante toda a Corte, o Rei pronunciou estas palavras: “assentamos de tomar por padroeira de Nossos Reinos e Senhorios, a Santíssima Virgem, Nossa Senhora da Conceição, (...) e lhe ofereço em meu nome (...) e de todos os meus descendentes, sucessores, Reinos, Senhorios e Vassalos a Sua Santa Casa da Conceição sita em Vila Viçosa”.
Das palavras do rei D. João IV, concluímos duas coisas: 1) Que o Rei toma a Imaculada Conceição como Padroeira dos Reinos (na época, o nosso país era oficialmente composto por 3 reinos: Portugal, Algarve e Brasil); e 2) Que decide oferecer a Capela do paço de Vila Viçosa (Évora) à veneração da Imaculada Conceição como Padroeira.

A Festa na Longeraie

Presidida pelo padre Aloísio Araújo, que para tal se deslocou expressamente de Luzerna, a celebração do dia 8 de Dezembro em honra da Padroeira foi verdadeiramente um momento alto de fé e de alegria. De FÉ, porque de maneira profunda e sincera os portugueses uma vez mais prestaram homenagem e louvores à Mãe de Jesus e nossa Mãe, a Virgem Maria. De ALEGRIA, porque o ambiente era de festa, os cânticos alegres a isso convidavam e, no final, ainda houve tempo para um breve convívio no salão junto à igreja.
No decorrer da Missa, outro momento importante foi quando dois adultos (a Susana e o Victor) foram apresentados à Comunidade e se comprometeram a continuar a sua caminhada de fé em ordem ao sacramento do Baptismo, que irão receber na Páscoa do próximo ano, se Deus quiser. Todos nos comprometemos a acompanhá-los com as nossas orações!
A organização da Solenidade estava por conta das 3 comunidades de La Côte – Morges, Etoy e Nyon – mas ali pudemos ver gente de quase todo o cantão. Por isso, foi também um momento especial de encontro dos católicos portugueses das várias comunidades.

É devida uma palavra de parabéns e de gratidão para todos os envolvidos: para a presença amiga dos padres Aloísio e Pedro; para o Coro, composto por elementos das 3 comunidades da Côte, que tão bem cantou e tão bem animou a celebração; para todos os que preparam a Liturgia e o Convívio que se seguiu, em especial às pessoas da comunidade de Morges, que acolheram tão bem todos os que ali se deslocaram e tudo fizeram para que tanto a celebração como o aperitivo fossem do agrado de todos. Um agradecimento ainda aos acólitos, aos que participaram no ofertório, aos leitores e a todos os que deram o seu contributo com amor e dedicação.
A bonita imagem da Imaculada, que foi benzida no início da celebração, tinha chegado de Portugal há poucos dias e é oferecida pelo grupo de Morges que em Setembro passado foi em peregrinação ao santuário de Lurdes.
O peditório da Eucaristia, tal como foi então dito, reverteu a favor da Ajuda de Berço, uma instituição que em Portugal apoia e acolhe crianças pequeninas até aos 3 anos de idade e que está a passar por grandes dificuldades financeiras, estando em risco de fechar uma das duas casas que tem. Graças à generosidade dos presentes, o peditório rendeu 1100 francos (mais de 800 euros), que já foram depositados na conta da Ajuda de Berço, no banco Millenium. Muito obrigado a todos e que Deus vos recompense! (Se alguém quiser fazer um donativo, a partir de um banco português, o NIB é: 0033 0000 02088437765 36 – eis uma maneira de oferecer neste Natal um bonito presente a quem realmente precisa!).

lundi 29 novembre 2010

NOVEMBRO, DA SAUDADE À ESPERANÇA

1. Novembro é um daqueles meses estranhos, um mês de passagem e de mudança : começa com uma cor e acaba noutra! Principia com as roupagens do Outono, entre o amarelo e o vermelho, numa variedade de tons que embelezam a vista e tocam o coração... e termina mostrando-nos o mundo revestido daquele manto branco, que testemunha o Inverno e lembra lareiras acesas, roupas bem quentinhas e velhinhos de barbas brancas...

2. Começámos, então, com TODOS OS SANTOS, uma solenidade que alegra a Fé e fortalece a nossa Esperança, homenagem a todos aqueles que vivem já no céu uma felicidade sem fim e intercedem por nós junto de Deus. No dia seguinte, chamado de FINADOS ou FIEIS DEFUNTOS, recordámos todos aqueles que já partiram do nosso convívio terreno e se encontram na outra Vida – nossos pais e avós, maridos e esposas, filhos e irmãos; mas também amigos e colegas de trabalho, os vizinhos e todos os que, em algum momento, cruzaram as suas vidas com as nossas.

3. Veio depois o São Martinho! Em várias das nossas comunidades houve mesmo direito a magusto: falaram-me de Yverdon, Vevey, Montreux e Etoy... Perdoem-me se esqueci alguma... E permitam-me que saliente o magusto de ETOY e dê os parabéns aos organizadores, pois este ano comemoraram o 25° aniversário (que corresponde, como bem salientou o Carlos da Silva, à 26° edição...). Foi em 1985 que tudo começou, graças a uma ideia do sr. Padre Múrias (e quem mais haveria de ser?!) e hoje tornopu-se, sem dúvida, uma grande festa!

4. Em seguida veio a solenidade de CRISTO REI. Foi no passado dia 21, e com esta Festa encerrámos o Ano Litúrgico. Neste Domingo, dia 28, damos início a um novo ano na Igreja, já que tudo começa com o Advento! Com o Cristo Rei nós homenageamos Jesus e o Seu Reino de AMOR e PERDÃO: essa é a grande mensagem proclamada no alto da Cruz: é aí, na CRUZ, que o Senhor é coroado Rei. Quem diria? Isso faz-nos pensar, a nós que vivemos um mundo onde tantos querem ser reis e rainhas: da beleza e da canção, do futebol e da juventude... Quem quer reinar com Cristo?

5. E encerramos o mês de Novembro com o início do Advento. Tempo de preparação para o Natal, são apenas 4 semanas, mas o bastante para darmos uma “limpeza” geral à vida e ao coração e deixarmos que o Men ino Jesus nasça em nós. Convido-vos a consultar neste Chama Viva o horário em que alguns sacerdotes estarão ao vosso dispor para vos acolherem e ouvir de confissão, se assim o desejardes. Conhecem melhor maneira de preparar o nascimento de Jesus?

6. Finalmente, quero deixar aqui uma palavra de agradecimento e os votos dos melhores sucessos ao padre José Carlos Barroso. Durante quase 3 anos, deu o melhor de si ao serviço das Comunidades de Língua Portuguesa no cantão de Vaud e, desde o início deste mês, encontra-se a trabalhar com os nossos emigrantes no cantão de Zurique. Com as suas qualidades humanas e sacerdotais, que revelou durante o tempo em que esteve no meio de nós, desejamos que continue a ser aquele anunciador da Fé e do Evangelho que procura dar um sabor mais humano e mais cristão à vida dura do emigrante! Obrigado Pe. Zé Carlos e um bem-hajas!


Pe. José Anastácio Alves

NOVEMBRO E O CRISTO

A Igreja começa neste domingo, 28 de Novembro, um novo ano litúrgico com o tempo de ADVENTO, tempo de preparação para o Natal que se aproxima. Ressoa na liturgia deste tempo o convite a anunciar a feliz notícia: “DEUS VEM!”
ADVENTO, em latim, “ADVENTUS” significa “VINDA”. Em que consiste a vinda do Senhor? Será que esta vinda também nos envolve e responsabiliza?
Caminhar em Tempo de ADVENTO é olhar para o nascimento de Cristo; é apontar para a Sua última vinda gloriosa; mas é também estarmos vigilantes e atentos às Suas vindas, no hoje das nossas vidas.

Preparar o Natal é olhar para a vinda de Cristo. Ele já veio. Nasceu num lugar concreto e transformou a nossa história e a nossa vida. Naquela pequena povoação da Judeia, em Belém, nasceu Jesus, filho de Maria, e esse Menino iniciou um caminho do qual todos nós somos herdeiros. Olhar para esse acontecimento é sermos introduzidos na história da Salvação, no projecto de Deus que vem até nós.

No ADVENTO também preparamos a última vinda do Senhor. Ele há-de vir na Sua Glória, no final dos tempos. O ADVENTO é um tempo favorável para a redescoberta de uma esperança não vaga nem ilusória, mas certa e confiável, porque está “ancorada” em Cristo, Deus feito homem, rochedo da nossa salvação. Com esta confiança construímos, agora, o nosso presente e olhamos para o futuro com olhos de esperança, com os olhos de Deus.

Mas “DEUS VEM!”. Ele vem agora, no hoje das nossas vidas. ADVENTO é, por isso, tempo de vigilância e de oração, tempo de perceber e experimentar a presença de Deus, a sua visita constante às nossas vidas. Deus vem agora a nós de muitas maneiras, através dos acontecimentos e das pessoas. Seja, pois, este tempo um estímulo para estarmos com os olhos e os corações bem abertos, vigilantes e atentos à descoberta da presença de Deus nas nossas vidas.

Veio, virá e vem sempre. É um Deus que continuamente se aproxima do homem, o resgata e o recria. Não é um Deus ausente e desinteressado, mas é um Pai que vela por nós, com amor e carinho. O ADVENTO será, assim, um tempo para reconhecermos Deus tão próximo, que nos impele a agir, a reagir, a dar resposta ao Seu amor, a saborear a alegria da nossa filiação divina.

“Deus vem!”. Para compreendermos o significado profundo destas palavras podemos olhar para aquela,

graças à qual se realizou, de modo único, singular, a vinda do Senhor: a Virgem Maria. “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4).

Aproveitamos para lembrar que o mês de Novembro, é o mês da esperança; que esta não morra em nós; procuremos cumprir o que nos diz São Pedro na sua primeira carta: “venerai Cristo Senhor, nos vossos corações, e estais sempre prontos a responder, para vossa defesa, com doçura e respeito, a todo aquele que vos perguntar a razão da vossa esperança”.(I Ped. 3, 15). Ou como diz São Paulo: “não sejais como aqueles que não têm esperança”.

Cristo é a nossa Esperança!

“LUZ DO MUNDO”: UM LIVRO QUE FAZ HISTÓRIA

O lançamento do livro-entrevista do Papa Bento XVI, "Luz do mundo", recebeu um enorme acolhimento.
A procura tão extraordinária deste livro do jornalista alemão Peter Seewald levou a editora alemã Herder a dobrar o número de exemplares nesta primeira semana.
Inúmeros comunicadores de diversas partes do mundo estavam a preparar-se para o grande impacto das respostas do Pontífice. Falava-se da força explosiva dos conteúdos, inclusive de uma revolução espiritual.
Mas as respostas do Papa, apresentadas nestas 240 páginas, não têm, à primeira vista, nenhum conteúdo revolucionário. A mensagem de Bento XVI, recolhida na intimidade de diálogos pessoais com Seewald, destaca-se de forma extraordinária porque é Evangelho actualizado, Boa Nova dos nossos tempos.

Nesta longa entrevista, Bento XVI fala sobre as questões do Homem, do mundo, e da Igreja, dando a conhecer também facetas pessoais.
As declarações do Papa sobre o preservativo arriscam-se a ofuscar o resto deste livro, cujo conteúdo promete ser interessante.

Não é sempre que um Papa revela como faz quando reza, quais os seus santos preferidos e o que lhes diz quando está aflito, como sente alegria em ser cristão e, ao mesmo tempo, se sente mendigo perante Deus.
Fala das dificuldades e ataques ao seu pontificado, do choque que sofreu com a dimensão da pedofilia na Igreja e da acção de tantos media que não buscam a verdade, mas procuram ridicularizar e desacreditar a Igreja.
Bento XVI denuncia o actual conceito de tolerância como inimiga da verdadeira liberdade; considera que a proibição generalizada da burka é injusta para as mulheres que a querem usar, diz que os muçulmanos têm direito a construir mesquitas no Ocidente, mas espera que os cristãos possam também celebrar missa e ter igrejas nos países muçulmanos.
O Papa fala da droga da banalização da sexualidade e da SIDA – é neste contexto que se refere ao preservativo – reafirmando ainda como válidas as perspectivas da Humanae Vita.
E tal como João Paulo II, Bento XVI diz não ao sacerdócio feminino, porque a Igreja não pode fazer o que quer, mas sim obedecer ao mandato de Cristo.
Esta obra resulta de uma terceira entrevista de Peter Seewald a Ratzinger. Nas duas anteriores – com grande sucesso editorial e intituladas “O sal da terra” e “Deus e o mundo” – Ratzinger era ainda cardeal.

BISPOS CONTRA REFORMAS CHORUDAS

As pensões e os salários milionários de políticos e empresários, com o País mergulhado numa "grave crise", foram criticados, em Fátima, pelos bispos, que anunciaram a criação de um Fundo Social Solidário para ajudar as "vítimas de situações de pobreza".

"Há hoje vidas indignas, enquanto outros continuam a viver na opulência", disse D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), reiterando as palavras do comunicado final da assembleia plenária em que os bispos defendem que "é hora para pôr cobro à atribuição de remunerações, pensões e recompensas exorbitantes".

Sem querer dar um "puxão de orelhas", sobretudo aos políticos, o presidente da CEP disse sentir que é "um dever e uma obrigação denunciar certas situações", questionando "até que ponto pessoas com determinados cargos, por muito competentes que sejam, não poderão, porventura, ganhar menos".
Foi aprovado um Fundo Social Solidário que fomenta a ajuda local e de proximidade e iniciativas de promoção humana e desenvolvimento de capacidades. Foi criado ainda o Fundo Bem Comum para ajudar desempregados com mais de 40 anos a criar empregos.
Na preparação para o Natal, as pessoas terão ocasião de encontrar-se com um sacerdote de língua portuguesa (para confissão, por exemplo) nos seguintes horários:

LAUSANNE/VALENTIN - SÁBADO, 11 de Novembro, durante a Eucaristia das 20H00

LAUSANNE/MON GRÉ - DOMINGO, 19 de Novembro, durante a Eucaristia das 11H30

MONTREUX - DOMINGO, 19 de Novembro, durante a Eucaristia das 9H00

VEVEY - DOMINGO, 19 de Novembro, durante a Eucaristia das 19H00

AIGLE - DOMINGO, 12 de Novembro, após a Eucaristia das 10H30

YVERDON – QUINTA-FEIRA, 16 de Novembro, às 20H00

PAYERNE – QUINTA-FEIRA, 9 de Novembro, às 20H00

ORBE – SEXTA-FEIRA, 10 de Novembro, às 20H00

NYON – QUARTA-FEIRA, 15 de Novembro, às 20H00

ETOY – SEXTA-FEIRA, 17 de Novembro, às 18H30

MORGES – SEXTA-FEIRA, 17 de Novembro, às 19H30

Fora destes horários, poderão sempre contactar o sacerdote responsável pela comunidade ou a própria Missão em Lausanne.

AVISO SOBRE AS MISSAS DE NATAL EM LAUSANNE

Informa-se a Comunidade de Lausanne que, apesar de os dias 25 de Dezembro (Natal) e 1 de Janeiro (Ano Novo) serem Sábado, nesses dias não haverá Missa no Valentin. Em ambos os dias, a Eucaristia será de manhã, em Mon-Gré, à hora habitual.

MORGES – FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO

Dia 8 de Dezembro, a Igreja celebra a Imaculada Conceição. É também a padroeira de Portugal. É certo que, no cantão de Vaud essa quarta-feira é um dia normal de trabalho, mas não vamos arrefecer! Estamos todos convidados para celebrar a nossa PADROEIRA na igreja da Longeraie em Morges (para quem não sabe, sai-se da auto-estrada na saída Morges Ouest/Bière). A missa solene é presidida pelo nosso padre Aloísio, que se desloca expressamente de Lucerna!

A Eucaristia começa às 20H00 e, no final, há um pequeno convívio, com a oferta de um aperitivo, no salão junto à Igreja. Sejam benvindos!

vendredi 8 octobre 2010

EDITORIAL

Recomeça...
se puderes,
sem angústia e sem pressa.

E os passos que deres
nesse caminho duro
do futuro
dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances
não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado
vai colhendo
ilusões sucessivas no pomar
sempre a sonhar
e vendo
acordado,
o logro da aventura.

És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
onde com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga

Sem pressas, sem angústias, eis-nos a re-começar, a começar de novo. Não em círculo vicioso mas em espiral de crescimento. Já não estamos onde estávamos. Estamos mais adiante: Muito adiante? Pouco adiante? Cada um o dirá por si no que respeita à intensidade. No tempo, estamos um ano mais adiante.
Ao passado olhamo-lo como lição, ao presente como re-começo carregado de esperança na oportunidade que o futuro nos traz.
A atitude cristã perante a vida afasta os fatalismos e os medos que paralisam e faz-nos avançar, prudentemente, mas avançar, sabendo “em quem pomos a nossa confiança” [2 Tm 1, 12]. Parafraseando Martin Luther King, também nós dizemos neste início de ano pastoral: “Não sabemos o que o futuro traz, mas sabemos QUEM traz o futuro”. Por isso nos atrevemos a re-começar.
Neste mês de Outubro, em que Maria nos aparece em destaque [mês do rosário], olhemos, pois, para aquEla que acreditou, aquEla que acolheu a novidade como oportunidade de crescimento na fé.

Bom ano pastoral 20102011.


Pe. José Carlos

OUTUBRO, MÊS DO ROSÁRIO

Lembro-me bem de, em criança, ter dois colegas de escola e de brincadeiras que se chamavam « Rosário”: uma menina – Maria do Rosário, a quem chamávamos Rosinha – e um rapaz, Luís do Rosário – naturalmente conhecido por “Luís”.
Lembro-me de ter perguntado a minha mãe qual a razão por que aquele menino se chamava “Rosário”, julgando eu que este nome estaria reservado às meninas…
Lembro-me da resposta de minha mãe: “É porque nasceu no dia 7 de Outubro”.

Ao longo dos meus 20 anos de padre, tendo celebrado já umas boas centenas de baptismos (não andarão muito longe dos mil), somente por 3 ou 4 vezes alguém se me dirigiu, por ocasião de um nascimento, para perguntar o nome do santo do dia. Lembro-me da Ti Balbina, com os seus mais de 70 anos, ter vindo à missa no dia em que lhe nasceu o neto mais novo, para me perguntar: “Senhor padre, qual é o santo de hoje? É que a minha nora teve um menino esta manhã…”.
Lembro-me de lhe ter respondido: “Ora deixe lá ver, Tia Balbina, hoje, 29 de Janeiro, é São Pedro Nolasco”. O Pedro terá agora os seus 15 ou 16 anos, e conhece esta história. Perguntei-lhe há tempos: “Sabes, Pedro, por que razão tens esse nome?”. E ele respondeu-me: “Sei, sim senhor, a minha avó contou-me”.

Hoje, aonde é que os pais vão buscar os nomes dos filhos? Alguns, ingenuamente, respondem que não foram influenciados por ninguém, simplesmente gostaram daquele nome… Na verdade, porém, os gostos são influenciados pelas modas, pelos tempos…
E as modas de hoje podem não ser as de amanhã… O melhor mesmo é escolher os nomes que nunca passam de moda (José, João, Pedro, Filipe, Margarida, Sofia, Maria…)!

Tudo isto vem a propósito do mês de Outubro, chamado o MÊS DO ROSÁRIO (também é conhecido como Mês Missionário ou das Missões).
A palavra Rosário significa 'Coroa de Rosas'. É uma antiga devoção católica, e tem este significado: de cada vez que se reza uma Ave-Maria entrega-se à Virgem Maria uma rosa e por cada Rosário completo é-lhe entregue uma coroa de rosas. A rosa é a rainha das flores, sendo o Rosário, de igual modo, também tido como a mais importante de todas as devoções.
A oração do Santo Rosário surge por volta do ano 800, à volta dos mosteiros. Dado que os monges rezavam os salmos (que são150), os leigos, que na sua maioria não sabiam ler, aprenderam a rezar 150 Ave Marias, ou seja 150 louvores em honra de Maria.
Segundo a tradição, a Igreja Católica recebeu o Rosário na sua forma actual em 1206, quando a Virgem teria aparecido a São Domingos e entregou-lhe o Rosário como uma arma poderosa para a conversão dos hereges e outros pecadores. Desde então, a sua devoção propagou-se rapidamente em todo o mundo.
Em 1500 ficou estabelecido, para cada dezena, a meditação de um episódio da vida de Jesus ou de Maria e assim surgiu o Rosário de quinze mistérios: 5 Mistérios Gloriosos (rezados à Quarta e ao Domingo), 5 Mistérios Gozosos (rezados à Segunda e ao Sábado) e 5 Mistérios Dolorosos (rezados à Terça e à Sexta).
Mais de 500 anos depois, em Outubro de 2002, no Ano Mariano, o papa João Paulo II fez uma pequena alteração ao Rosário, acrescentando-lhe os Mistérios Luminosos (que se meditam à Quinta-feira).

Mas por que motivo o Mês do Rosário é Outubro e não outro mês qualquer (o mês de Maio, por exemplo, como gostariam os devotos de Fátima)? Deve-se à festividade de Nossa Senhora do Rosário a 7 de Outubro. No dia 7 de Outubro de 1571, deu-se uma grande batalha naval, ao largo de Lepanto (cidade das costas da Grécia), opondo cristãos e turcos (muçulmanos). Dependendo do resultado do combate, as tropas turcas poderiam avançar por toda a Europa. O papa pediu então a todos os católicos que rezassem o Terço para que Nossa Senhora alcançasse a vitória dos cristãos.
Segundo a História, a batalha foi muito rápida, pois durou apenas 3 horas. E apesar das tropas turcas serem consideradas mais fortes, os cristãos venceram de maneira surpreendente! O resultado da Batalha foi considerado um verdadeiro Milagre, atribuído à intercessão de Nossa Senhora e à oração do Rosário. É essa a razão pela qual, ainda hoje, se celebra a Festa de Nossa Senhora do Rosário no dia 7 de Outubro e todo este mês é chamado «Mês do Rosário».
Esta festividade é um verdadeiro desafio e um apelo para que cada um de nós – e cada uma das nossas famílias – através da oração (e em particular da oração do terço), coloque em Maria, Mãe e Protectora, o seu olhar e a sua Esperança.


Pe. José Anastácio Alves

NOVOS PRESBÍTEROS PARA A MCLP

Com a partida do Pe Aloísio para Lucerna, a Unidade Pastoral (UP) da Missão Católica de Língua Portuguesa no Cantão de Vaud (MCLP-VD) sofreu uma reorganização. Antes de partir, o Pe. Aloísio fez todos os esforços para que mais dois padres viessem trabalhar para a nossa UP. E conseguiu. De origem brasileira, temos connosco e em pleno trabalho os padres Pedro e Hélder, membros desta família que fala português.
O Pe. Hélder chegou no dia 02 de Setembro e logo nesse dia teve a sua apresentação aos Conselhos das Comunidades (CC) da MCLP-VD onde já trabalha: Nord-Vaudois (Orbe e Yverdon-les-Bains) e Broye (Payerne).
O encontro foi em Yverdon, onde foi apresentado e onde se combinou com os membros dos diferentes CC’s o desenrolar da apresentação do novo presbítero à restante comunidade, na eucaristia de domingo.
Logo de seguida, tivemos uma partilha de comes-e-bebes muito agradável e que contribuiu para acentuar o agradável ambiente criado e proporcionou um tempo para que cada pessoa pudesse dialogar um pouco com o Pe. Hélder.

O Pe. Pedro chegou no dia 01 de Setembro, mas foi no dia 03 que, em Montreux, foi apresentado aos CC’s da Riviera (Vevey, Montreux e Aigle).
Tudo começou com uma visita guiada pelo Pe António Lopes à bonita igreja de Montreux. Aí o Pe. Lopes pôs o Pe. Pedro ao corrente de tudo o que era necessário para se sentisse à vontade quando viesse celebrar a eucaristia.
Chegados ao edifício da antiga Missão de Montreux, esperava-nos um excelente manjar: chanfana de cordeiro (perdoem-me se não é este o nome: só sei que estava excelente) preparada pelo Carlos Abrantes.
No fim (imaginem o sacríficio ...) foram as apresentações oficiais. Também aqui se combinou com os membros dos diferentes CC’s o desenrolar da apresentação do novo presbítero à restante comunidade, na eucaristia de domingo.
Tempo de conversa, tempo para se colocarem assuntos em dia e assim terminou este agradável encontro.

Ao Pe. Hélder e ao Pe. Pedro as nossas boas-vindas. Muito obrigado pela vossa disponibilidade em trabalhar nesta parcela do povo de Deus que fala em português, nestas terras helvéticas.
Esperamos que vos sintais muito bem entre nós.

NOVOS SACERDOTES APRESENTAM-SE: PADRE HÉLDER

Eu sou o Padre Hélder Agenor Benedet da Silva. Os meus pais são vivos e se chamam: Agenor Isaac da Silva e a minha mãe é a Ermelinda Benedet da Silva. Nos somos 7 irmãos e eu nasci em Praia Grande (SC) no dia 28 de Julho de 1962, mas cresci na cidade de Ararangua (SC), aonde estudei no colégio dos padres josefinos de São Leonardo Murialdo.

Estive muitos anos em Itália, em diversas cidades. Na cidade de Nápoles, estudei Teologia e fiz o meu mestrado em Teologia Bíblica. Fui ordenado padre no dia 19 de Março de 1994 pela Diocese de Carolina (MA) – Brasil. Na Itália, trabalhei alguns anos na Diocese de Rieti como pároco.
Em 2004 vim para a Suiça para ser pároco de São Jorge em Lostallo no cantão dos Grisões. Eu dava catequese na Escola Elementar da minha paróquia e também na cidade de Grono. O ano passado eu peguei para trabalhar as paróquias de Cauco, Santa Domenica, Augio e Rossa no Vale da Calanca. Tive uma boa experiência de catequese e de pastoral na paróquia Suiça de língua italiana.

O padre deve ser o pai espiritual da comunidade. Gostaria que as pessoas me chamassem quando tem algum doente no hospital ou em casa e também para visitar as famílias para nos conhecermos melhor. A Igreja é uma família. Vejo que é muito necessário fazer catequese, não somente para as crianças mas também para os adultos. Eu estou disponível para celebrar os Sacramentos mas também para ensinar e aprender a Palavra de Deus todos os dias. Jesus Cristo não é uma doutrina mas uma pessoa, que é viva no meio de nos. Temos que ama-lo e deseja-lo na nossa vida inteira.

Que Deus abençõe todos vocês.


Pe. Hélder

NOVOS SACERDOTES APRESENTAM-SE: PADRE PEDRO

Nasci em Lago da Pedra, Estado do Maranhão, no dia 6 de Dezembro de 1970. Meus pais José Benedito de Paulo (já falecido) e minha mãe Maria Lucimar Pereira de Paulo sempre participaram na Igreja e desde cedo ensinaram aos filhos o caminho de JESUS. Na igreja diante do testemunho e do zelo de frades alemães despertei desde cedo para a vida sacerdotal, ao tempo que admirava a coragem e audácia com que aqueles frades tinham deixado para trás uma vida e partido para uma terra distante numa época em que os meios de comunicações ainda eram muito precários. Diante de tal realidade despertei para um sonho de um dia também poder retribuir por tão grande generosidade. Partir em missão, partilhar de nossa pobreza de vocações passou a fazer parte do meu ideal de vida.
Em Fevereiro de 1988, deixei o lar paterno e parti para Bacabal para cursar o ensino médio, morando nesta cidade por 3 anos em casas de famílias que acolhiam os vocacionados, período em que estudava, trabalhava e participava do grupo vocacional, grupo de jovens e participava da liturgia na igreja São Francisco de Assis.
Em Fevereiro de 1991 deixei a cidade Bacabal e parti para São Luís ainda no meu Estado do Maranhão para ingressar no Seminário Interdiocesano Santo António. Após 5 anos de estudos, vi me obrigado a pedir um tempo, não desistindo, mas tendo a certeza de retornar algum tempo depois, o que realmente se concretizou. Neste período fiquei em Minas Gerais, onde trabalhei e continuei minha vida de Igreja, também ajudando em uma paróquia.
Em Minas Gerais ouvi um apelo da Igreja do norte daquele Estado.
Ingressei no Seminário Maior Imaculado Coração de Maria, onde estudei teologia, não chegando a concluir ali os teológicos, pois acompanhei meus pais que estavam retornando para o Nordeste. Em Teresina, no Estado do Piaui, durante aquelas ferias de Dezembro de 2000 reflecti bastante chegando a conclusão de deixar o seminário de Montes Claros para ficar mais próximo dos meus pais que necessitavam de minha atenção, e naquele período mais ainda meu pai que necessitava de cuidados especiais.

Em Fevereiro de 2001 em Teresina, no Estado do Piaui, estudei por um ano o curso de teologia, vindo a concluir o estudo teológico. Em Fevereiro de 2002 fui ordenado diácono, sendo ordenado Presbítero no dia 9 de Agosto daquele mesmo ano. Exerci a função de pároco nas seguintes cidades: Lagoa Alegre, Novo Oriente (este abrangia também Barra de Alcântara e Várzea Grande), Santa Teresa e auxiliar nas paroquias Santíssima Trindade e Imaculada Conceição, na vila Bandeirantes, sendo estas duas ultimas citadas, em Teresina.
No período em que estive na paróquia de Santa Teresa de Ávila tive a oportunidade de ir ao Santuário de Fátima, onde após alguns dias de atendimento nas confissões, resolvi realizar um sonho: O de visitar a sepultura de um frade alemão que tinha sido um factor importante para o prosseguimento dos meus estudos durante a minha adolescência. Estive por dez dias na Alemanha, em Dortmund, onde me hospedei na residência de um sacerdote piauiense, o qual faz parte da OCPM (Obra Católica Portuguesa das Migrações) e nesta cidade exerce sua missão junto aos portugueses. O Padre Edivaldo Batalha falou-me com muito zelo sobre a necessidade de mais sacerdotes para trabalhar junto aos portugueses, o que me levou a compreender ainda mais que a Igreja de Deus é uma só.

Quero colaborar com esta missão, mesmo que haja também necessidades em meu Pais, mas há um ditado que diz: “Não há ninguém tão pobre que nada possa dar e ninguém tão rico que nada possa receber”. Também o que me conforta e recordar sempre que sou fruto do anuncio e da coragem dos nossos irmãos europeus que nos precederam nesta fé.
Quero dizer a Deus:” Eis-me aqui Senhor, para fazer tua vontade, para viver do teu amor.”


Pe. Pedro

BEM-HAJAS, PADRE ALOÍSIO...

Marcaste indelevelmente a realidade da Missão Católica de Língua Portuguesa neste Cantão de Vaud (MCLP-VD). Fizeste um enorme esforço de aproximação e abertura da MCLP-VD em todos os sentidos e direcções.
Na comunidade de Yverdon, ao longo de seis anos, na comunidade de Lausanne, ao longo de quatro anos, marcaste, com a tua simplicidade e disponibilidade o coração de quantos te procuravam e de quantos te aproximaste.
Na relação com os teus irmãos no sacerdócio de Cristo, foste de uma solicitude e de uma amizade ímpar. Mesmo que, por vezes, incompreendido, não deixaste de fazer tuas as suas alegrias e tristezas, num verdadeiro martírio (testemunho) de quem se dá sem procurar retorno.
Com os padres que chegavam para aqui trabalhar, onde me incluo eu, tudo fizeste para que se sentissem em casa, para que a ruptura gerada com a saída do país natal tivesse o menor impacto possível. E, por mim falo, conseguiste e de que maneira. Tornaste tudo tão fácil com a tua amizade sincera.
Estás tão só a duas horas de distância, mas sem dúvida que é diferente: já não estás na porta ao lado, onde a qualquer hora podia bater, para contigo trocar duas de conversa (bom, ok, também duas ... de cerveja, não mais... quatro? ... enfim ...). Quantas gargalhadas, quantas preocupações, quantos problemas, quanta dor partilhadas e, assim, suavizadas pela partilha amiga e ajuda mútua.
A excelente recepção que a Comunidade de Lucerna te fez, na pessoa do seu Presidente, foi mais que merecida. As excelentes condições que te proporcionaram deixam-me numa alegria sem fim. Estou certo que o excelente trabalho que por cá fizeste o vais fazer também aí.
Que a Senhora do Rosário continue a ser a tua companheira de viagem e que o nosso Bom Deus te cumule das suas bênção e faça frutificar cem por um o teu trabalho.

Até sempre, amigo!


Pe. José Carlos


P. S. - Ah! Não penses que te livraste de nós...

... E BEM-HAJA PADRE ANTÓNIO LOPES

Não deixo de confessar que tenho uma pontinha de inveja do senhor: com essa excelente forma física e mental parte para o bem-bom e eu caquéctico fico no duro. Mas enfim, a vida é feita destas injustiças...
Muito obrigado por tudo. Pelo seu trabalho e dedicação ao serviço do Reino, pela sua proximidade, pela sua amizade e camaradagem.
O exemplo que vocês, os sacerdotes mais rodados na vida, nos dão a nós, os menos rodados, são um excelente estímulo a prosseguirmos em frente, no amor e serviço ao povo de Deus.


Que Jesus Cristo, o Único e Verdadeiro Sacerdote, o cumule das suas bênçãos e lhe continue a proporcionar uma excelente saúde para aproveitar o melhor possível e durante muito tempo, esta nova temporada em que está a entrar.

Não se esqueça de nós!
Um grande abraço.



Pe. José Carlos

A MISSÃO, APELO A TODA A IGREJA

O Dia Mundial das Missões que se celebra cada ano no penúltimo domingo de Outubro, constitui um chamamento a todos os cristão do mundo, a colaborar no anúncio da Boa Nova.
Este chamamento tem a sua raiz mais profunda no mandato missionário de Jesus, que, depois de ressuscitado, apareceu aos seus discípulos e disse-lhes: “Ide por todo o mundo e proclamai a Boa Nova a toda a criatura” (Mc 16, 15).
Respondendo a este mandato, desde os tempos das primeiras comunidades cristãs podemos ver algumas das formas por meio das quais os cristãos cooperam no anúncio da Boa Nova. Em primeiro lugar a oração (Act 6, 5; Fl 4, 6) e a ajuda material, por exemplo, as colectas feitas em favor da Igreja de Jerusalém (1Cor 16s), acompanhadas sempre de sacrifícios e jejuns gratos aos olhos de Deus.
A história da Igreja, ao longo de todos os séculos, está cheia de diferentes respostas ao mandato de Cristo que muitos cristãos deram, servindo com generosidade e entrega, cooperando assim na construção do Reino. A acção missionária da Igreja continua a ser urgente e necessária.

Na difícil tarefa da evangelização, a Igreja sente-se apoiada e acompanhada pela certeza de que o Dono da messe está com ele e guia sem cessar o seu povo.
Cristo é a fonte inesgotável da missão da Igreja.
Temos todos que tomar consciência da urgente necessidade de impulsionar novamente a acção missionária, diante dos múltiplos e graves desafios do nosso tempo. Fica ainda muito por fazer para responder cabalmente ao chamamento missionário que o Senhor não cessa de fazer aos baptizados.
Oremos juntamente com o Santo Padre, este mês para que, motivados pela celebração do Dia Mundial das Missões, cada cristão assuma a sua própria tarefa de anunciar a Cristo, como “serviço necessário e irrenunciável que a Igreja esta chamada a desempenhar em favor de toda a humanidade”, segundo as palavras da Intenção Missionária deste mês.


António Coelho, s.j.
in Mensageiro do Coração de Jesus, Outubro 2010

É PRECISO VOLTAR A ANUNCIAR

É preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do Cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano.

A ressurreição de Cristo assegura-nos que nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja.
Portanto a nossa fé tem fundamento, mas é preciso que a nossa fé se torne vida em cada um de nós.
Assim há um vasto esforço capilar a fazer para que cada cristão se transforme em testemunha capaz de dar conta a todos e sempre da esperança que o anima (cf. 1Pd 3, 15): só Cristo pode satisfazer plenamente os anseios profundos de cada coração humano e responder às suas questões mais inquietantes acerca do sofrimento, da injustiça e do mal, sobre a morte e a vida do Além.
Bento XVI
Homilia em Lisboa, 11 de Maio 2010

APRESENTADAS AS JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE 2011

Foram apresentadas no Vaticano as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), que se realizarão em Madrid, de 16 a 21 de Agosto de 2011, com a presença programada de Bento XVI.
"Se cada Jornada Mundial da Juventude é um presente para toda a Igreja, também é, em primeiro lugar, para a Igreja local que a recebe", afirmou o Cardeal Antonio María Rouco Varela, arcebispo da capital espanhola.

A Espanha é o primeiro país a acolher as JMJ pela segunda vez. Em 1989, este evento foi realizado em Santiago de Compostela, quando o Cardeal Rouco Varela era ali arcebispo.
No dia 16 de Agosto de 2011 acontece a Missa de inauguração na Plaza de Cibeles, de Madrid. De 17 a 19 de Agosto, haverá catequeses em diferentes paróquias da capital espanhola.
No dia 18, os jovens darão as boas-vindas ao Papa. No dia 19, tem lugar a Via-sacra e no dia 20, a vigília no aeródromo Cuatro Vientos.
O evento termina no dia 21 de Agosto, com a Missa de encerramento e o anúncio da sede das JMJ de 2014.

A história das JMJ, que se realizam a cada 3 anos desde 1985, "é uma história fascinante, do nascimento de uma nova geração de jovens", disse o Cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Conselho Pontifício para os Leigos.
"Temos certeza de que, também desta vez, os jovens responderão ao convite do Papa e Madrid se vai converter no lugar de uma nova epifania, de uma Igreja jovem, radicada e fundada em Cristo, sólida na fé", concluiu.

dimanche 27 juin 2010

A VIDA É UMA PASSAGEM

Após quatro anos de publicações regulares, cabe-me a mim, pela primeira vez, a árdua mas também gratificante tarefa de escrever o editorial do Chama Viva.
Gratificante porque é para mim um privilégio poder falar, neste espaço, de um missionário português que há doze anos chegou à Suíça, para uma pequena comunidade do norte do cantão de Vaud, tornou-se sacerdote moderador da Missão Católica de Língua Portuguesa em Lausanne, e assume desde Janeiro de 2007 o cargo de coordenador das Missões Católicas de Língua Portuguesa (MCLP) da Suíça. Na hora da sua despedida / partida para “outras paragens” é justo prestar-lhe a devida homenagem.


A vida, meus amigos, é uma passagem. Nesta passagem, encontramos desafios, problemas, surpresas boas, tristezas e alegrias. Ao nascermos deparamo-nos com algumas pessoas que julgamos estarão sempre ao nosso lado. Infelizmente, isso não é verdade; nossos pais e irmãos passam um tempo connosco e vão-se. O mesmo acontece com os amigos de infância, com os colegas da sala de aula, com os professores; eles chegam, cativam-nos e um dia a vida leva-nos para longe deles.
A vida, dizia eu, é uma passagem. Felizes daqueles que deixam o seu legado, como ela nos tem deixado. O legado de saber proporcionar alegrias e felicidade aos que encontramos na caminhada.
Pois bem, num curto espaço de tempo, o homem de quem falo deixa um legado invejável à nossa Missão: a festa de Natal das crianças da catequese, o aparecimento do grupo de j ovens “Tugas” e do coral infantil (ou juvenil, como ele próprio prefere chamar-lhe) “Os Quinas”, o aparecimento deste boletim “Chama Viva”, kermesses, a formação de grupos de acólitos, de leitores, etc., etc., etc.
E, acima de tudo, esse projecto quase megalómano de fazer da nossa Missão uma grande Missão Católica de Língua Portuguesa no Cantão de Vaud! Chegar aí não foi fácil nem simples, não foi uma recta de auto-estrada, tivemos precalços, obstáculos, noites em claro... Mas alcançamos esse degrau que tanto almejávamos, não somente como sendo o fim da estrada, mas como o príncipio de uma nova jornada que a todos entusiasma.

Através das páginas deste jornal tivemos a oportunidade de ler as suas reflexões, tão gentil e sabiamente escritas. Também os seus desabafos! Ao longo dos (poucos) anos que passou entre nós sempre mostrou ser um homem que pauta sua vida pela simplicidade, um ser humano dotado de sabedoria, despojado de orgulhos, com um coração puro e bondoso, onde o bem, a caridade, o amor, a dedicação, sempre tiveram prioridade absoluta. São estas qualidades que dão colorido à vida...

Peço desculpas por me faltar o pragmatismo suficiente para cumprir aqui a minha tarefa de agradecer, mas sobra-me ternura e simpatia para fazê-lo com emoção e sinceridade.
Resta-me então dizer-lhe: MUITO, MUITO OBRIGADO PADRE ALOÍSIO, já estamos com saudades suas. Que Deus o acompanhe e o ilumine na sua nova caminhada, pois como você próprio diz “a minha vontade é estar completamente livre e disponível para quando e onde Deus me chamar, sempre na alegria do serviço e com generosidade”.

José Martinho

PADRE MÚRIAS CELEBROU BODAS DE OURO SACERDOTAIS

O Pe. Múrias festeja 50 anos de sacerdócio, mais de 30 dos quais passados ao serviço dos portugueses na Suíça.
Perante isto não é de admirar que no Domingo, dia 13 de Junho, as comunidades do cantão de Vaud, e de Lausanne em particular, lhe tenham promovido uma sentida homenagem de parabéns pelas Bodas de Ouro sacerdotais, e de agradecimento pelo seu papel em prol da promoção espiritual, social, cultural e cívica dos seus compatriotas. Homenagem que se traduziu numa Missa solene concelebrada pelos padres portugueses das diversas regiões do cantão, em Mon-Gré, seguida de um almoço-convívio na sala do Sacré-Coeur.


Introduzindo a Eucaristia, o Pe. Aloísio, sacerdote moderador da nossa Missão, destacou mais uma vez o facto desta celebração se realizar em pleno Ano Sacerdotal: “A nossa Missão foi, portanto, duplamente agraciada, porque se, por um lado, a efeméride do Ano Sacerdotal a interpela e provoca, por outro, o evento dos cinquenta anos de sacerdócio do Padre Múrias coloca-a no espírito aconselhado e requerido. Não haja dúvida. Para a nossa Missão, esta ‘coincidência’ revela claramente um dedo providencial.
Celebrar as suas bodas de Ouro em Ano Sacerdotal é apenas mais uma das graças de Deus, a Quem nós, com ele, louvamos e agradecemos
”.

Por seu lado, o Pe. Múrias, visívelmente emocionado, fez questão de oferecer esta celebração pelas intenções de toda a comunidade: os presentes e “lembrando os que a constituíram e já lá estão. Recordo-os com saudade e lágrimas... bem como todos os que a constituem ainda. É muita gente... gostava porém de os ter cá a todos!

Depois recordou várias facetas da sua presença em terras helvéticas, dizendo que a Missão é o pedaço da Igreja que lhe foi confiado na Suíça. “Cheguei aqui em 1977... o mandato era por 3 anos. Depois porém, as necessidades locais e, mais adiante ainda, a minha saúde, forçaram-me a ir ficando. Cá vou estando, e mexendo, enquanto Deus quiser”. Para acrescentar que “
a Missão, como a imigração portuguesa de que foi a reboque, tiveram um tal aumento, uma tal evolução e desenvolvimento, que em poucos anos se passou de uma meia dúzia de milhar de portugueses para uma centena e meia de milhar... e a Missão que era orientada por um padre encarregado de todos os cantões de língua francesa... desdobrou-se no que actualmente são: cinco Missões Portuguesas nos cinco cantões francófonos com mais de uma dezena de padres dedicados às várias comunidades de língua portuguesa que por estas terras lutam, trabalham e sofrem. Não foram nada fáceis os começos, mas encontrei logo gente muito boa e muito empenhada nas comunidades que já existiam e nas que fui criando. O resto devemo-lo a Deus, à Sua ajuda (a corresponder talvez à Fé de tantos portugueses, ao trabalho deles, ao sofrimento deles, à dedicação deles). Sonhei muito, rezei muito, mas pus sempre tudo nas mãos de Deus e fui recomendando a todos que o fizessem. Deus quis... não tenho aí a mais pequena dúvida. Foi obra de Deus... apesar dos meus pecados!
Seria falta grave de gratidão... seria não dizer a verdade, não falar em Nossa Senhora nesta ocasião e sê-lo-á em todas ocasiões em que se falar do trabalho da Missão. Porque nos veio a Fátima, na nossa terra, deixar uns recados, sempre a invocámos como Nossa Senhora de Fátima e a considerámos nossa. Foi a Ela que, desde sempre, entreguei esta Missão... e Ela fez o milagre. Tudo começou logo ao começar... apegávamo-nos todos a Ela... chamávamos por Ela... consagrávamo-nos todos a Ela. A espiritualidade que sempre vivemos e pregámos era a mais fácil ... a mais infantil... se quiserem: nas mãos d'Ela... por Ela nas mãos de Jesus e pelas mãos de Jesus ao Pai que abençoava a obra!
Minha e Nossa Senhora da Fátima... tanto Te devo!... Tanto Te devemos !

Como foi dito, esta homenagem terminou com um almoço canadiano na sala da paróquia do Sacré-Coeur.

Parabéns, Pe. Múrias. Ficamos anciosamente à espera das Bodas de Diamante!!!


José Martinho

FESTA DA FÉ

As nossas comunidades estão mais enriquecidas, pois nos passados dias 30 de Maio em Mon-Gré e 05 de Junho na Basílica de “Notre Dame” no Valentin, cerca de cento e cinquenta crianças/adolescentes professaram a sua fé.

Não esqueçamos que a festa da fé não é uma promessa, mas a “proclamação da Fé”. A criança faz sua a Fé do seu Baptismo e exprime a alegria de ser cristão. Ela marca uma “viragem” da vida, é um compromisso de vida no sentido de manifestação da vontade de ser fiel ao ideal de vida Cristã, no seguimento de Jesus Cristo em Igreja.

Como é hábito este momento revestiu-se de forte significado, de compromisso para as crianças, para os pais e para a comunidade cristã, já que representa o primeiro passo de uma longa caminhada, um ponto alto da iniciação cristã da infância.
Trata-se, com efeito, de um acto de fé publico e solene, de renovação das promessas do Baptismo e de afirmação festiva da adesão a Jesus Cristo.

TERMINOU O ANO SACERDOTAL

“Que não termine a nossa vontade de rezar pela santificação de todos e cada um dos pastores!
Que não cesse o nosso desejo de cumplicidade com tão grande dom com que Deus nos presenteia!Que não acabe nunca o nosso espanto agradecido ao Bom Pastor por se servir da fragilidade humana, da nossa pobreza e miséria, para Se fazer presente, real, vivo, na vida de cada um de vós...


Convosco sou cristão, para vós sou pastor...
Nesse caminho, unidos naquilo que vale mais, a oração, saúdo todos e cada um...

Até «já»...

Pe. Aloísio

JUNHO, MÊS DO CORAÇÃO

Escuta o coração, reconhece quem é Deus

Escutar o coração é a atitude mais acessível para ouvir e reconhecer a “voz” de Deus que ressoa no seu íntimo. Daí a importância de saber escutar, fazer silêncio interior, criar familiaridade com a linguagem e os segredos que lhe são próprios.
Sozinho, o coração não se sente bem nem é feliz, precisa de alguém amigo e acompanhante. Centrado apenas em si, atrofia a sua riqueza comunicativa. Aberto e exposto a inúmeros estímulos, faz-se caixa de ressonância de sons recebidos que, quase sempre, abafam as aspirações mais genuínas e interpelantes.


O nosso Deus tem o seu reflexo no coração humano. É comunhão de três pessoas unidas pelo amor. É dinamismo expansivo na função que cada uma realiza no projecto de salvação. É família feliz que quer receber-nos na sua intimidade, respeitando sempre a nossa liberdade responsável.

FÉRIAS

Quem trabalha precisa de descansar.
Por isso, férias sempre houve, embora antes não tivessem o formalismo que agora têm. Eram diferentes.
É o descanso que corresponde à procura de uma outra dimensão da vida, a ausência da rotina, a distância do quotidiano, a respiração do transcendente, a preparação do eterno.


No Evangelho Jesus convida os seus discípulos, que acabavam de regressar do trabalho da missão, a descansar: “Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco”.
O descanso é importante para o equilíbrio físico, emocional e espiritual, psicossomático, do corpo e da alma.
Devemos interrogar-nos sobre a maneira como fazemos férias. Serão elas realmente conforto para o corpo e para o espírito? Não estarão elas viciadas pelo frenesim do trabalho?
Se não considerássemos o trabalho tão “maldito”, talvez as férias pudessem revestir-se de uma feição diferente. Vive-se tantas vezes carregados de ansiedade que as tornamos indispensáveis e inadiáveis, cansando-nos com o aproximar do tempo.
Raramente o que se descansa em férias compensa o que se trabalha para as pagar. É porque as fazemos muito comerciais.
Por isso, voltemos a perguntar-nos: Será que regressamos ao nosso trabalho com mais ânimo e vigor ? Então porquê ? Que faço das minhas férias ?
As férias devem ser uma oportunidade para descansar, para estar mais tempo com a família, convivendo mais uns com os outros, visitando outros, na paz e na alegria que refrescam os corações. e as relações festivas.
Devem ser tempo para a cultura, ora lendo um livro, ora vendo um filme, ora visitando um museu ou outra coisa que nos alargue os horizontes e os nossos critérios…
É tempo para escutar melhor a nossa consciência, para analisar a fundo a vida, para contemplar a natureza e as suas maravilhas, enfim… para dinamizar a espiritualidade e potenciar o compromisso familiar, laboral e social.
Sejam verdadeiramente um tempo de descanso que nos enriqueça e reconforte.


A todos umas boas FÉRIAS.

Pe. Aloísio

1969-2010 - PADRE MÚRIAS, JUBILEU EM ANO SACERDOTAL

Para além de todos os motivos que o Padre António Múrias de Queirós, com toda a Igreja, têm para agradecer e louvar ao Senhor pelo dom dos cinquenta anos de sacerdócio, há, ainda, o suplemento de esta celebração decorrer em pleno Ano Sacerdotal.
Para um olhar distraído tratar-se-á apenas de mera coincidência; já a sabedoria cristã descobre neste detalhe um profundo significado.


De facto, quando o Santo Padre apresenta a «Carta de Proclamação de um Ano Sacerdotal» e atribui ao 150º aniversário do dies natalis do Santo Cura d’Ars a circunstância desta efeméride, demonstra bem o quão importante é, para a realidade do próprio Sacerdócio, o exemplo de vida dum sacerdote.
Da relevância que a vida do Cura d’Ars teve e tem para a construção e compreensão da grandeza e da dignidade sacerdotais retiramos, entre outros, o seguinte dado: para o Sacerdócio, enquanto tal, é determinante o modo como cada sacerdote interpreta e vive esse dom concedido pelo Senhor.
Quem teve a graça e o privilégio de conviver e trabalhar com o Padre Múrias ao longo destes anos, só pode testemunhar que a sua vida de dedicação e fidelidade não honra apenas um padre, mas enobrece a própria dignidade e excelência sacerdotais.

O Senhor que o chamou é o mesmo que o tem sustentado, acompanhado e guiado.
O «sim» que então proferiu – o Padre Múrias não tem cessado de o renovar em cada dia que passa. Isso sentimo-lo na alegria com que se entrega à missão e na disponibilidade com que acolhe quem o interpela, ou lhe pede ajuda, ou, simplesmente, o procura para lhe contar a última anedota.

A intenção do Papa com a proclamação do Ano Sacerdotal consiste em “contribuir para fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um seu testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo.”
Esta renovação interior que deve comprometer os sacerdotes, e todo o povo cristão, surge mais espontânea e naturalmente quando há exemplos palpáveis de alguém que ofereça um testemunho evangélico vigoroso e incisivo.

Nessa medida, as nossas comunidades não podem celebrar as bodas de ouro sacerdotais de alguém sem se sentirem profundamente interpeladas pela sua fidelidade à vocação e ao múnus sacerdotal. Assim sendo, esta é uma graça que o Senhor nos concede este ano – a de termos tão perto de nós um estímulo tão vivo que nos ajuda a realizar os propósitos do próprio Ano Sacerdotal.
Evocando o Cura d’Ars, o Sucessor de Pedro recorda que “o sacerdócio é o amor do Coração de Jesus”; os sacerdotes são um dom imenso para a Igreja e para a humanidade. O espírito do presente Ano é o do louvor e o da gratidão ao Senhor da messe. Um louvor que brota do nosso coração de forma espontânea e natural. A vida é Eucaristia, literalmente.
A nossa Missão foi, portanto, duplamente agraciada: porque se, por um lado, a efeméride do Ano Sacerdotal a interpela e provoca, por outro, o evento dos cinquenta anos de sacerdócio do Padre Múrias coloca-a no espírito aconselhado e requerido.
Não haja dúvida. Para a nossa Missão, esta “coincidência” revela claramente um dedo providencial.
De resto, os demais aspectos referenciados a propósito do Ano Sacerdotal são-nos, a todos nós, bastante familiares. Fazem parte do ADN desta Comunidade que o Padre Múrias há muito serve: presença dos leigos na missão da Igreja; anúncio da Misericórdia de Deus; tempo e disponibilidade para os mais necessitados, espaço para a Reconciliação, etc., etc. E se esta riqueza de graça e bênção faz parte da radiografia da nossa vida, a ela não pode ser alheio o facto de termos sido guiados por aquele de quem hoje celebramos cinquenta anos de sacerdócio.


A ele, muitos parabéns.
Celebrar as suas bodas de Ouro em Ano Sacerdotal é apenas mais uma das graças de Deus, a Quem nós, com ele, louvamos e agradecemos.


Pe. Aloísio Araújo

ASCENSÃO E PENTECOSTES

Na Oração da Tarde do Dia da Ascensão do Senhor, a Igreja reza assim: Ó Rei da Glória e Senhor do Universo, que hoje subis triunfante ao céu, não nos abandoneis, mas enviai-nos, segundo a Vossa promessa, o Espírito de verdade. Aleluia...
Esta prece consubstancia a vivência dos dois últimos domingos do Tempo Pascal: a humanidade que vai até Deus na Pessoa de Jesus Cristo e Deus que estabelece morada no meio dos homens pela presença do Seu Espírito até ao expirar dos séculos.


Celebramos a realidade das nossas vidas! Mas uma realidade que ultrapassa o alcance dos sentidos e nos parece distante no tempo e na vivência, perceptível tão-somente à luz da fé e, por isso, de menor acolhimento nos tempos que correm. A comunhão do homem com Deus não contraria a razão, mas a razão, só por si, não basta. Por isso, muitos se tornam indiferentes. Preferem viver sem perspectivas de longo prazo a acolher muito de perto, de coração humilde, uma outra realidade.
A Igreja tem denunciado as sucessivas ameaças de descrença na Europa, enquanto outras opções religiosas pululam por todo o mundo. Nós, porém, não podíamos terminar de melhor forma este Tempo Pascal: na Ascensão, o humano reencontra-se no divino; no Pentecostes, o divino não deixa só o humano. O Espírito de Deus permanece.

EM NOSSA AJUDA

A festa do Pentecostes celebra a vinda do Espírito Santo em nossa ajuda. É fruto da promessa de Jesus aos discípulos.
Manifesta o amor de Deus nos nossos corações. É Dom que nos convida a vivermos em doação e a atingirmos a maturidade emocional.
Este Dom reveste tantas formas quantas as necessidades em que se encontram as pessoas e as comunidades.
A sabedoria faz-nos realistas e consequentes no nosso agir; ajuda-nos a assumir construtivamente a vida concreta.
A inteligência capta os desafios da mudança e as suas exigências, desperta em nós a capacidade de adaptação ou de contestação; ajuda-nos a compreender e a interpretar os factos.
O conselho leva-nos a procurar o que é melhor para cada pessoa e comunidade; gera em nós a liberdade e o gosto pela ajuda fraterna, sem esperar recompensa.
A piedade eleva e amadurece os nossos sentimentos, protege-nos do egoísmo e da preguiça, faz-nos sentir a alegria de ser dom, de experimentar a felicidade na doação.
A ciência oferece-nos um rumo consistente na vida e liberta-nos de medos perturbadores; suscita em nós uma relação sadia baseada na confiança e na colaboração.
A fortaleza robustece o nosso ânimo e enche-nos de coragem para sermos coerentes, mesmo nas dificuldades; revigora a nossa capacidade de amar.


O temor de Deus estimula-nos a ser fiéis e a realizar obras boas que, de outro modo não faríamos. É como o temor que a criança sente em desagradar aos pais. Faz-nos orientar os nossos impulsos, mesmo negativos, para objectivos superiores e construtivos.
Ajudados pelo Espírito, sentimo-nos mais aptos para sermos criaturas novas, testemunhando a força do Evangelho nos espaços onde vivemos e trabalhamos.

Pe. Aloísio

REFLEXÃO SOBRE MARIA


O mês de Maio, que estamos a viver, é um tempo de uma maior dedicação a Maria, mãe de Jesus e de toda a Igreja.
Mês de Maria, diz-nos o Evangelho que Maria “guardava tudo no seu coração”, ou seja, todos os ensinamentos que Jesus lhe transmitia, ela “alojava-os” no seu interior mais profundo. Sejamos como Maria abrindo verdadeiramente os nossos corações ao Evangelho de Cristo Salvador, e façamos como Ela, guardando a mensagem no nosso coração, na certeza de que assim estaremos mais sintonizados com a vontade do Pai. Com o auxílio da Mãe podemos fazer com que Ela própria seja ponte de ligação entre nós e o seu Filho. Ela sê-lo-á certamente, pois a sua magnificência é enorme.
“Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações”, é uma das partes da oração de Magnificat, em que Maria presta o seu louvor a Deus, podendo nós aperceber-nos do seu espírito de humildade e bondade. Esforcemo-nos por seguir, de forma cada vez mais intensa, o belo caminho de sinceridade que nos ajudará a seguir o trilho em direcção a Jesus Cristo, para assim alcançarmos a felicidade plena.
Procuremos dar, especialmente ao longo deste mês, o melhor de nós mesmos, o máximo de amor às nossas mães da terra e à Mãe do céu, também nossa Mãe e Mãe do Universo.

O ROSÁRIO – COM MARIA; CONTEMPLAR CRISTO

Numa profunda relação ao seu ministério e à capacidade de vencer as provas por que teve de passar na sua vida, o Papa João Paulo II propôs à Igreja, em 2002, um ano dedicado ao Rosário para celebrar os 25 anos do seu pontificado. De Outubro de 2002 a Outubro de 2003 toda a Igreja olhou de uma maneira especial para esta oração que o Papa nos desafiou a valorizar e, sobretudo, a rezar. Logo ao iniciar o Ano do Rosário, como se lhe chamou, em Outubro de 2002, o Papa dava à Igreja a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae ( O Rosário da Virgem Maria). O grande desafio que João Paulo II faz a toda a Igreja nessa sua Carta Apostólica é o de contemplar Jesus Cristo a partir dos olhos, da vida e da experiência de Nossa Senhora. Nossa Senhora, Aquela que melhor entendeu e acolheu a Palavra de Deus e sua realização, dirá o Papa, nos ensinará o mesmo dinamismo de acolhimento.

O Rosário é uma oração que todos nos habituámos a conhecer e com o qual, directa ou indirectamente, quase todos em Igreja já lidámos. Mesmo que alguns nunca o tenham rezado ou nunca tenham tido nas mãos o Rosário, ele não é de todo um objecto estranho. Nas mãos de pais e avós, nas mãos de um padre ou religiosa, nas mãos de muita gente em Fátima ou no “bem português” ornamento de espelho de veículo, já toda a gente, certamente, se cruzou com o Rosário enquanto objecto e instrumento de oração.
Algumas modas mais recentes colocam-no ao pescoço, usam-no como “porta-chaves”, objecto etnográfico de decoração, mas perderam o seu sentido específico e original. Contudo, cruzar-se com o Rosário enquanto objecto, não é de todo “cruzar-se” com a experiência de rezar o Rosário. E o Rosário é, sobretudo, uma experiência de oração. Por isso mesmo ele não se resume a um objecto.


É precisamente naquilo que diz respeito à oração que o Papa insiste quando se refere ao Rosário. Diz o Papa que é necessário viver a experiência da Igreja a partir do núcleo que é a experiência orante. E mais, o Papa insiste que a Igreja só se afirmará no mundo de hoje como e enquanto escola de oração. O Rosário é, por isso, colocado entre o conjunto de instrumentos e meios que, ao longo dos séculos, a Igreja assumiu como caminhos de ajuda à identificação com Jesus Cristo.

Aquilo que se tem por importante na vida repete-se sempre. Gostamos de repetir experiências que foram determinantes, gostamos de repetir experiências que nos ajudaram a encontrar sentido para alguma coisa. Ao mesmo tempo existem coisas que só repetindo as apreenderemos. É o que fazemos na oração do Rosário: repetimos o amor à Mãe do Céu e essa repetição, em vez de nos cansar, abre-nos o conhecimento interior daquele estilo de vida e de sentimentos que é necessário fazer nascer dentro de nós para podermos estar junto de Jesus Cristo.
É por isso que rezar o Rosário é aprender, com Nossa Senhora, a contemplar Jesus Cristo. Como é que Maria olhava para Jesus e para o mistério de Deus? Com imensa fé, com capacidade de entrega de si mesma, com disponibilidade, com sentido de serenidade nas adversidades, com sentido de fidelidade à missão e, sobretudo, com amor. Desta forma é Maria que, na oração do Rosário e para além da oração do Rosário, nos ensina a acolher o próprio Jesus: ensina-nos a escutar a sua Palavra, ensina a acolher Deus e como se acolhe Deus na vida, ensina a entender os mistérios da sua vontade e a realizar a sua vontade, ensina a entender os mistérios da própria vida humana face à existência e face ao próprio Deus.
Nos vários “olhares” com que contempla o seu Filho, Nossa Senhora é modelo de contemplação para todos os crentes. Contempla-O com olhar interrogativo quando se perde no Templo (“Porque nos fizeste isto ? Lc 2, 48) e contempla-O com olhar penetrante, capaz de compreender as suas razões e os seus pensamentos, como em Caná (“Fazei o que Ele vos disser” Jo 2, 5). Contempla-O com olhar doloroso, como aos pés da Cruz, e contempla-O com olhar radioso e ardoroso na ressurreição e efusão do Espírito Santo (Act 1, 14). Maria é modelo de contemplação em todos estes olhares. E por isso o Rosário é uma oração eminentemente contemplativa, que recorda e contempla, que traz ao coração vezes e vezes sem conta as recordações dos momentos perto de Jesus Cristo.
Se Nossa Senhora é modelo de contemplação, então podemos dizer que o grande desafio que nos é feito é que entremos nesta “Escola de Maria” para aprendermos a configurarmo-nos com Cristo. É nesse mesmo sentido que o Santo Padre soma ao conjunto dos mistérios da vida de Cristo os mistérios da Luz (luminosos). Eles expressam e explicitam a vida de Jesus (1 – Baptismo no Jordão; - Revelação nas Bodas de Caná; - Anúncio do reino; - Transfiguração; - Instituição da Eucaristia).
E o Papa ensina mesmo um método prático de rezar o Rosário: enunciação do mistério e contemplação de uma imagem alusiva; leitura ou escuta de um texto da Sagrada Escritura; momento de silêncio contemplativo; Pai-Nosso; dez Avé-Marias; Glória e jaculatórias. Além de todo este método, o Papa chama a atenção para a importância de se ter um Terço ou Rosário na mão.
Rezar o Rosário, diz o Santo Padre, ajuda-nos: a perceber Deus como Pai, Filho e Espírito Santo; a entender melhor a revelação de Jesus Cristo e a sua centralidade na história da Salvação; ajuda ao compromisso cristão; faz-nos sentir Igreja-comunhão; responde à nossa vida e ajuda a entendê-la.
“Rezai o Terço todos os dias” foi o grande pedido de Nossa Senhora de Fátima nas Aparições entre Maio e Outubro de 1917.

E “todos os dias” … é todos os dias!

Pe. Emanuel Matos Silva

AS COMUNIDADES EM FESTA

Desde a grande festa da Páscoa da Ressurreição de Jesus Cristo, que é a FESTA por excelência, que marca o tom a todas as festas litúrgicas e a vida de cada cristão, as comunidades da missão Católica de Língua Portuguesa, que está neste cantão de Vaud, e um pouco por toda a Igreja que peregrina na Suíça, tem desdobrado a Festa em outras festas muitas importantes. Entre elas destaco a Festa da Eucaristia.
Como noutras comunidades, assim aconteceu em Yverdon: a 18 de Abril. Depois Valentin: a 25 de Abril. Seguiu-se Vevey: a 02 de Maio e terminou Mon-Gré: a 09 de Maio.
Para além do sacramento da Eucaristia em si mesmo, é uma verdadeira festa ver o brilho nos olhos destas dezenas de crianças que recebem Jesus Eucaristia pela primeira vez. É uma festa também ver o orgulho dos pais, que ultrapassam, assim, metas importantes do crescimento [da fé?] dos seus filhos. É uma festa para as catequistas e a Missão, em geral, por ter cumprido a sua missão de anunciar Jesus Cristo, e de O levar, ressuscitado, vivo, digo mais, Fonte da Vida, para quem o quer receber.


Felizmente, alguns pais já são sensíveis e já não participam no ridículo de fazer passar os seus filhos [aqui, mais as filhas …], vestindo-os de noivos e de noivas, num claro contra testemunho de fé e num escândalo pelo dinheiro que se gasta, escusadamente. Muitos pais vestiram os filhos com alegria, sem dúvida, mas com uma roupa que pode ser usada no dia-a-dia. Para esses pais vai o obrigado da Missão por nos ajudarem a centrarmo-nos no PRINCIPAL.
Mas à volta deste assunto [como de tantos outros] a reflexão impõe-se: Em que Eucaristia participaram a esmagadora maioria das crianças no domingo a seguir a sua Primeira Comunhão? E no outro? E no outro … ?
Se a vida do cristão gravita em torno de Jesus Eucaristia, que significado tem terminar a catequese e logo as eucaristias se esvaziarem de pais e de crianças? E mesmo durante o ano catequético, por que nos sentimos obrigados a fazer “truques” para que as crianças - os pais das crianças – participem na eucaristia de cada domingo?
Com toda a compreensão que se possa ter em alguns casos, apetece-me dizer, com o título do livro de Daniel Sampaio: Inventem-se novos pais. Ou, se calhar, que os pais de hoje sejam como foram os seus pais, que assumiram verdadeiramente o compromisso do dia do baptizado de seus filhos: … e prometeis educá-lo na fé, para que, observando os mandamentos, amem a Deus e ao próximo, como Cristo nos ensinou? Sim prometo, respondeu cada um dos pais [pai e mãe].
Se não é à volta da Eucaristia de cada domingo que a comunidade cristã gravita, é à volta de quê? Para que existe, então a Missão? Para que estamos aqui, nós os padres e assistentes pastorais?

Como dizia, a reflexão impõe-se.


Pe. Zé Carlos