dimanche 27 juin 2010

A VIDA É UMA PASSAGEM

Após quatro anos de publicações regulares, cabe-me a mim, pela primeira vez, a árdua mas também gratificante tarefa de escrever o editorial do Chama Viva.
Gratificante porque é para mim um privilégio poder falar, neste espaço, de um missionário português que há doze anos chegou à Suíça, para uma pequena comunidade do norte do cantão de Vaud, tornou-se sacerdote moderador da Missão Católica de Língua Portuguesa em Lausanne, e assume desde Janeiro de 2007 o cargo de coordenador das Missões Católicas de Língua Portuguesa (MCLP) da Suíça. Na hora da sua despedida / partida para “outras paragens” é justo prestar-lhe a devida homenagem.


A vida, meus amigos, é uma passagem. Nesta passagem, encontramos desafios, problemas, surpresas boas, tristezas e alegrias. Ao nascermos deparamo-nos com algumas pessoas que julgamos estarão sempre ao nosso lado. Infelizmente, isso não é verdade; nossos pais e irmãos passam um tempo connosco e vão-se. O mesmo acontece com os amigos de infância, com os colegas da sala de aula, com os professores; eles chegam, cativam-nos e um dia a vida leva-nos para longe deles.
A vida, dizia eu, é uma passagem. Felizes daqueles que deixam o seu legado, como ela nos tem deixado. O legado de saber proporcionar alegrias e felicidade aos que encontramos na caminhada.
Pois bem, num curto espaço de tempo, o homem de quem falo deixa um legado invejável à nossa Missão: a festa de Natal das crianças da catequese, o aparecimento do grupo de j ovens “Tugas” e do coral infantil (ou juvenil, como ele próprio prefere chamar-lhe) “Os Quinas”, o aparecimento deste boletim “Chama Viva”, kermesses, a formação de grupos de acólitos, de leitores, etc., etc., etc.
E, acima de tudo, esse projecto quase megalómano de fazer da nossa Missão uma grande Missão Católica de Língua Portuguesa no Cantão de Vaud! Chegar aí não foi fácil nem simples, não foi uma recta de auto-estrada, tivemos precalços, obstáculos, noites em claro... Mas alcançamos esse degrau que tanto almejávamos, não somente como sendo o fim da estrada, mas como o príncipio de uma nova jornada que a todos entusiasma.

Através das páginas deste jornal tivemos a oportunidade de ler as suas reflexões, tão gentil e sabiamente escritas. Também os seus desabafos! Ao longo dos (poucos) anos que passou entre nós sempre mostrou ser um homem que pauta sua vida pela simplicidade, um ser humano dotado de sabedoria, despojado de orgulhos, com um coração puro e bondoso, onde o bem, a caridade, o amor, a dedicação, sempre tiveram prioridade absoluta. São estas qualidades que dão colorido à vida...

Peço desculpas por me faltar o pragmatismo suficiente para cumprir aqui a minha tarefa de agradecer, mas sobra-me ternura e simpatia para fazê-lo com emoção e sinceridade.
Resta-me então dizer-lhe: MUITO, MUITO OBRIGADO PADRE ALOÍSIO, já estamos com saudades suas. Que Deus o acompanhe e o ilumine na sua nova caminhada, pois como você próprio diz “a minha vontade é estar completamente livre e disponível para quando e onde Deus me chamar, sempre na alegria do serviço e com generosidade”.

José Martinho

PADRE MÚRIAS CELEBROU BODAS DE OURO SACERDOTAIS

O Pe. Múrias festeja 50 anos de sacerdócio, mais de 30 dos quais passados ao serviço dos portugueses na Suíça.
Perante isto não é de admirar que no Domingo, dia 13 de Junho, as comunidades do cantão de Vaud, e de Lausanne em particular, lhe tenham promovido uma sentida homenagem de parabéns pelas Bodas de Ouro sacerdotais, e de agradecimento pelo seu papel em prol da promoção espiritual, social, cultural e cívica dos seus compatriotas. Homenagem que se traduziu numa Missa solene concelebrada pelos padres portugueses das diversas regiões do cantão, em Mon-Gré, seguida de um almoço-convívio na sala do Sacré-Coeur.


Introduzindo a Eucaristia, o Pe. Aloísio, sacerdote moderador da nossa Missão, destacou mais uma vez o facto desta celebração se realizar em pleno Ano Sacerdotal: “A nossa Missão foi, portanto, duplamente agraciada, porque se, por um lado, a efeméride do Ano Sacerdotal a interpela e provoca, por outro, o evento dos cinquenta anos de sacerdócio do Padre Múrias coloca-a no espírito aconselhado e requerido. Não haja dúvida. Para a nossa Missão, esta ‘coincidência’ revela claramente um dedo providencial.
Celebrar as suas bodas de Ouro em Ano Sacerdotal é apenas mais uma das graças de Deus, a Quem nós, com ele, louvamos e agradecemos
”.

Por seu lado, o Pe. Múrias, visívelmente emocionado, fez questão de oferecer esta celebração pelas intenções de toda a comunidade: os presentes e “lembrando os que a constituíram e já lá estão. Recordo-os com saudade e lágrimas... bem como todos os que a constituem ainda. É muita gente... gostava porém de os ter cá a todos!

Depois recordou várias facetas da sua presença em terras helvéticas, dizendo que a Missão é o pedaço da Igreja que lhe foi confiado na Suíça. “Cheguei aqui em 1977... o mandato era por 3 anos. Depois porém, as necessidades locais e, mais adiante ainda, a minha saúde, forçaram-me a ir ficando. Cá vou estando, e mexendo, enquanto Deus quiser”. Para acrescentar que “
a Missão, como a imigração portuguesa de que foi a reboque, tiveram um tal aumento, uma tal evolução e desenvolvimento, que em poucos anos se passou de uma meia dúzia de milhar de portugueses para uma centena e meia de milhar... e a Missão que era orientada por um padre encarregado de todos os cantões de língua francesa... desdobrou-se no que actualmente são: cinco Missões Portuguesas nos cinco cantões francófonos com mais de uma dezena de padres dedicados às várias comunidades de língua portuguesa que por estas terras lutam, trabalham e sofrem. Não foram nada fáceis os começos, mas encontrei logo gente muito boa e muito empenhada nas comunidades que já existiam e nas que fui criando. O resto devemo-lo a Deus, à Sua ajuda (a corresponder talvez à Fé de tantos portugueses, ao trabalho deles, ao sofrimento deles, à dedicação deles). Sonhei muito, rezei muito, mas pus sempre tudo nas mãos de Deus e fui recomendando a todos que o fizessem. Deus quis... não tenho aí a mais pequena dúvida. Foi obra de Deus... apesar dos meus pecados!
Seria falta grave de gratidão... seria não dizer a verdade, não falar em Nossa Senhora nesta ocasião e sê-lo-á em todas ocasiões em que se falar do trabalho da Missão. Porque nos veio a Fátima, na nossa terra, deixar uns recados, sempre a invocámos como Nossa Senhora de Fátima e a considerámos nossa. Foi a Ela que, desde sempre, entreguei esta Missão... e Ela fez o milagre. Tudo começou logo ao começar... apegávamo-nos todos a Ela... chamávamos por Ela... consagrávamo-nos todos a Ela. A espiritualidade que sempre vivemos e pregámos era a mais fácil ... a mais infantil... se quiserem: nas mãos d'Ela... por Ela nas mãos de Jesus e pelas mãos de Jesus ao Pai que abençoava a obra!
Minha e Nossa Senhora da Fátima... tanto Te devo!... Tanto Te devemos !

Como foi dito, esta homenagem terminou com um almoço canadiano na sala da paróquia do Sacré-Coeur.

Parabéns, Pe. Múrias. Ficamos anciosamente à espera das Bodas de Diamante!!!


José Martinho

FESTA DA FÉ

As nossas comunidades estão mais enriquecidas, pois nos passados dias 30 de Maio em Mon-Gré e 05 de Junho na Basílica de “Notre Dame” no Valentin, cerca de cento e cinquenta crianças/adolescentes professaram a sua fé.

Não esqueçamos que a festa da fé não é uma promessa, mas a “proclamação da Fé”. A criança faz sua a Fé do seu Baptismo e exprime a alegria de ser cristão. Ela marca uma “viragem” da vida, é um compromisso de vida no sentido de manifestação da vontade de ser fiel ao ideal de vida Cristã, no seguimento de Jesus Cristo em Igreja.

Como é hábito este momento revestiu-se de forte significado, de compromisso para as crianças, para os pais e para a comunidade cristã, já que representa o primeiro passo de uma longa caminhada, um ponto alto da iniciação cristã da infância.
Trata-se, com efeito, de um acto de fé publico e solene, de renovação das promessas do Baptismo e de afirmação festiva da adesão a Jesus Cristo.

TERMINOU O ANO SACERDOTAL

“Que não termine a nossa vontade de rezar pela santificação de todos e cada um dos pastores!
Que não cesse o nosso desejo de cumplicidade com tão grande dom com que Deus nos presenteia!Que não acabe nunca o nosso espanto agradecido ao Bom Pastor por se servir da fragilidade humana, da nossa pobreza e miséria, para Se fazer presente, real, vivo, na vida de cada um de vós...


Convosco sou cristão, para vós sou pastor...
Nesse caminho, unidos naquilo que vale mais, a oração, saúdo todos e cada um...

Até «já»...

Pe. Aloísio

JUNHO, MÊS DO CORAÇÃO

Escuta o coração, reconhece quem é Deus

Escutar o coração é a atitude mais acessível para ouvir e reconhecer a “voz” de Deus que ressoa no seu íntimo. Daí a importância de saber escutar, fazer silêncio interior, criar familiaridade com a linguagem e os segredos que lhe são próprios.
Sozinho, o coração não se sente bem nem é feliz, precisa de alguém amigo e acompanhante. Centrado apenas em si, atrofia a sua riqueza comunicativa. Aberto e exposto a inúmeros estímulos, faz-se caixa de ressonância de sons recebidos que, quase sempre, abafam as aspirações mais genuínas e interpelantes.


O nosso Deus tem o seu reflexo no coração humano. É comunhão de três pessoas unidas pelo amor. É dinamismo expansivo na função que cada uma realiza no projecto de salvação. É família feliz que quer receber-nos na sua intimidade, respeitando sempre a nossa liberdade responsável.

FÉRIAS

Quem trabalha precisa de descansar.
Por isso, férias sempre houve, embora antes não tivessem o formalismo que agora têm. Eram diferentes.
É o descanso que corresponde à procura de uma outra dimensão da vida, a ausência da rotina, a distância do quotidiano, a respiração do transcendente, a preparação do eterno.


No Evangelho Jesus convida os seus discípulos, que acabavam de regressar do trabalho da missão, a descansar: “Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco”.
O descanso é importante para o equilíbrio físico, emocional e espiritual, psicossomático, do corpo e da alma.
Devemos interrogar-nos sobre a maneira como fazemos férias. Serão elas realmente conforto para o corpo e para o espírito? Não estarão elas viciadas pelo frenesim do trabalho?
Se não considerássemos o trabalho tão “maldito”, talvez as férias pudessem revestir-se de uma feição diferente. Vive-se tantas vezes carregados de ansiedade que as tornamos indispensáveis e inadiáveis, cansando-nos com o aproximar do tempo.
Raramente o que se descansa em férias compensa o que se trabalha para as pagar. É porque as fazemos muito comerciais.
Por isso, voltemos a perguntar-nos: Será que regressamos ao nosso trabalho com mais ânimo e vigor ? Então porquê ? Que faço das minhas férias ?
As férias devem ser uma oportunidade para descansar, para estar mais tempo com a família, convivendo mais uns com os outros, visitando outros, na paz e na alegria que refrescam os corações. e as relações festivas.
Devem ser tempo para a cultura, ora lendo um livro, ora vendo um filme, ora visitando um museu ou outra coisa que nos alargue os horizontes e os nossos critérios…
É tempo para escutar melhor a nossa consciência, para analisar a fundo a vida, para contemplar a natureza e as suas maravilhas, enfim… para dinamizar a espiritualidade e potenciar o compromisso familiar, laboral e social.
Sejam verdadeiramente um tempo de descanso que nos enriqueça e reconforte.


A todos umas boas FÉRIAS.

Pe. Aloísio

1969-2010 - PADRE MÚRIAS, JUBILEU EM ANO SACERDOTAL

Para além de todos os motivos que o Padre António Múrias de Queirós, com toda a Igreja, têm para agradecer e louvar ao Senhor pelo dom dos cinquenta anos de sacerdócio, há, ainda, o suplemento de esta celebração decorrer em pleno Ano Sacerdotal.
Para um olhar distraído tratar-se-á apenas de mera coincidência; já a sabedoria cristã descobre neste detalhe um profundo significado.


De facto, quando o Santo Padre apresenta a «Carta de Proclamação de um Ano Sacerdotal» e atribui ao 150º aniversário do dies natalis do Santo Cura d’Ars a circunstância desta efeméride, demonstra bem o quão importante é, para a realidade do próprio Sacerdócio, o exemplo de vida dum sacerdote.
Da relevância que a vida do Cura d’Ars teve e tem para a construção e compreensão da grandeza e da dignidade sacerdotais retiramos, entre outros, o seguinte dado: para o Sacerdócio, enquanto tal, é determinante o modo como cada sacerdote interpreta e vive esse dom concedido pelo Senhor.
Quem teve a graça e o privilégio de conviver e trabalhar com o Padre Múrias ao longo destes anos, só pode testemunhar que a sua vida de dedicação e fidelidade não honra apenas um padre, mas enobrece a própria dignidade e excelência sacerdotais.

O Senhor que o chamou é o mesmo que o tem sustentado, acompanhado e guiado.
O «sim» que então proferiu – o Padre Múrias não tem cessado de o renovar em cada dia que passa. Isso sentimo-lo na alegria com que se entrega à missão e na disponibilidade com que acolhe quem o interpela, ou lhe pede ajuda, ou, simplesmente, o procura para lhe contar a última anedota.

A intenção do Papa com a proclamação do Ano Sacerdotal consiste em “contribuir para fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um seu testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo.”
Esta renovação interior que deve comprometer os sacerdotes, e todo o povo cristão, surge mais espontânea e naturalmente quando há exemplos palpáveis de alguém que ofereça um testemunho evangélico vigoroso e incisivo.

Nessa medida, as nossas comunidades não podem celebrar as bodas de ouro sacerdotais de alguém sem se sentirem profundamente interpeladas pela sua fidelidade à vocação e ao múnus sacerdotal. Assim sendo, esta é uma graça que o Senhor nos concede este ano – a de termos tão perto de nós um estímulo tão vivo que nos ajuda a realizar os propósitos do próprio Ano Sacerdotal.
Evocando o Cura d’Ars, o Sucessor de Pedro recorda que “o sacerdócio é o amor do Coração de Jesus”; os sacerdotes são um dom imenso para a Igreja e para a humanidade. O espírito do presente Ano é o do louvor e o da gratidão ao Senhor da messe. Um louvor que brota do nosso coração de forma espontânea e natural. A vida é Eucaristia, literalmente.
A nossa Missão foi, portanto, duplamente agraciada: porque se, por um lado, a efeméride do Ano Sacerdotal a interpela e provoca, por outro, o evento dos cinquenta anos de sacerdócio do Padre Múrias coloca-a no espírito aconselhado e requerido.
Não haja dúvida. Para a nossa Missão, esta “coincidência” revela claramente um dedo providencial.
De resto, os demais aspectos referenciados a propósito do Ano Sacerdotal são-nos, a todos nós, bastante familiares. Fazem parte do ADN desta Comunidade que o Padre Múrias há muito serve: presença dos leigos na missão da Igreja; anúncio da Misericórdia de Deus; tempo e disponibilidade para os mais necessitados, espaço para a Reconciliação, etc., etc. E se esta riqueza de graça e bênção faz parte da radiografia da nossa vida, a ela não pode ser alheio o facto de termos sido guiados por aquele de quem hoje celebramos cinquenta anos de sacerdócio.


A ele, muitos parabéns.
Celebrar as suas bodas de Ouro em Ano Sacerdotal é apenas mais uma das graças de Deus, a Quem nós, com ele, louvamos e agradecemos.


Pe. Aloísio Araújo

ASCENSÃO E PENTECOSTES

Na Oração da Tarde do Dia da Ascensão do Senhor, a Igreja reza assim: Ó Rei da Glória e Senhor do Universo, que hoje subis triunfante ao céu, não nos abandoneis, mas enviai-nos, segundo a Vossa promessa, o Espírito de verdade. Aleluia...
Esta prece consubstancia a vivência dos dois últimos domingos do Tempo Pascal: a humanidade que vai até Deus na Pessoa de Jesus Cristo e Deus que estabelece morada no meio dos homens pela presença do Seu Espírito até ao expirar dos séculos.


Celebramos a realidade das nossas vidas! Mas uma realidade que ultrapassa o alcance dos sentidos e nos parece distante no tempo e na vivência, perceptível tão-somente à luz da fé e, por isso, de menor acolhimento nos tempos que correm. A comunhão do homem com Deus não contraria a razão, mas a razão, só por si, não basta. Por isso, muitos se tornam indiferentes. Preferem viver sem perspectivas de longo prazo a acolher muito de perto, de coração humilde, uma outra realidade.
A Igreja tem denunciado as sucessivas ameaças de descrença na Europa, enquanto outras opções religiosas pululam por todo o mundo. Nós, porém, não podíamos terminar de melhor forma este Tempo Pascal: na Ascensão, o humano reencontra-se no divino; no Pentecostes, o divino não deixa só o humano. O Espírito de Deus permanece.

EM NOSSA AJUDA

A festa do Pentecostes celebra a vinda do Espírito Santo em nossa ajuda. É fruto da promessa de Jesus aos discípulos.
Manifesta o amor de Deus nos nossos corações. É Dom que nos convida a vivermos em doação e a atingirmos a maturidade emocional.
Este Dom reveste tantas formas quantas as necessidades em que se encontram as pessoas e as comunidades.
A sabedoria faz-nos realistas e consequentes no nosso agir; ajuda-nos a assumir construtivamente a vida concreta.
A inteligência capta os desafios da mudança e as suas exigências, desperta em nós a capacidade de adaptação ou de contestação; ajuda-nos a compreender e a interpretar os factos.
O conselho leva-nos a procurar o que é melhor para cada pessoa e comunidade; gera em nós a liberdade e o gosto pela ajuda fraterna, sem esperar recompensa.
A piedade eleva e amadurece os nossos sentimentos, protege-nos do egoísmo e da preguiça, faz-nos sentir a alegria de ser dom, de experimentar a felicidade na doação.
A ciência oferece-nos um rumo consistente na vida e liberta-nos de medos perturbadores; suscita em nós uma relação sadia baseada na confiança e na colaboração.
A fortaleza robustece o nosso ânimo e enche-nos de coragem para sermos coerentes, mesmo nas dificuldades; revigora a nossa capacidade de amar.


O temor de Deus estimula-nos a ser fiéis e a realizar obras boas que, de outro modo não faríamos. É como o temor que a criança sente em desagradar aos pais. Faz-nos orientar os nossos impulsos, mesmo negativos, para objectivos superiores e construtivos.
Ajudados pelo Espírito, sentimo-nos mais aptos para sermos criaturas novas, testemunhando a força do Evangelho nos espaços onde vivemos e trabalhamos.

Pe. Aloísio

REFLEXÃO SOBRE MARIA


O mês de Maio, que estamos a viver, é um tempo de uma maior dedicação a Maria, mãe de Jesus e de toda a Igreja.
Mês de Maria, diz-nos o Evangelho que Maria “guardava tudo no seu coração”, ou seja, todos os ensinamentos que Jesus lhe transmitia, ela “alojava-os” no seu interior mais profundo. Sejamos como Maria abrindo verdadeiramente os nossos corações ao Evangelho de Cristo Salvador, e façamos como Ela, guardando a mensagem no nosso coração, na certeza de que assim estaremos mais sintonizados com a vontade do Pai. Com o auxílio da Mãe podemos fazer com que Ela própria seja ponte de ligação entre nós e o seu Filho. Ela sê-lo-á certamente, pois a sua magnificência é enorme.
“Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações”, é uma das partes da oração de Magnificat, em que Maria presta o seu louvor a Deus, podendo nós aperceber-nos do seu espírito de humildade e bondade. Esforcemo-nos por seguir, de forma cada vez mais intensa, o belo caminho de sinceridade que nos ajudará a seguir o trilho em direcção a Jesus Cristo, para assim alcançarmos a felicidade plena.
Procuremos dar, especialmente ao longo deste mês, o melhor de nós mesmos, o máximo de amor às nossas mães da terra e à Mãe do céu, também nossa Mãe e Mãe do Universo.

O ROSÁRIO – COM MARIA; CONTEMPLAR CRISTO

Numa profunda relação ao seu ministério e à capacidade de vencer as provas por que teve de passar na sua vida, o Papa João Paulo II propôs à Igreja, em 2002, um ano dedicado ao Rosário para celebrar os 25 anos do seu pontificado. De Outubro de 2002 a Outubro de 2003 toda a Igreja olhou de uma maneira especial para esta oração que o Papa nos desafiou a valorizar e, sobretudo, a rezar. Logo ao iniciar o Ano do Rosário, como se lhe chamou, em Outubro de 2002, o Papa dava à Igreja a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae ( O Rosário da Virgem Maria). O grande desafio que João Paulo II faz a toda a Igreja nessa sua Carta Apostólica é o de contemplar Jesus Cristo a partir dos olhos, da vida e da experiência de Nossa Senhora. Nossa Senhora, Aquela que melhor entendeu e acolheu a Palavra de Deus e sua realização, dirá o Papa, nos ensinará o mesmo dinamismo de acolhimento.

O Rosário é uma oração que todos nos habituámos a conhecer e com o qual, directa ou indirectamente, quase todos em Igreja já lidámos. Mesmo que alguns nunca o tenham rezado ou nunca tenham tido nas mãos o Rosário, ele não é de todo um objecto estranho. Nas mãos de pais e avós, nas mãos de um padre ou religiosa, nas mãos de muita gente em Fátima ou no “bem português” ornamento de espelho de veículo, já toda a gente, certamente, se cruzou com o Rosário enquanto objecto e instrumento de oração.
Algumas modas mais recentes colocam-no ao pescoço, usam-no como “porta-chaves”, objecto etnográfico de decoração, mas perderam o seu sentido específico e original. Contudo, cruzar-se com o Rosário enquanto objecto, não é de todo “cruzar-se” com a experiência de rezar o Rosário. E o Rosário é, sobretudo, uma experiência de oração. Por isso mesmo ele não se resume a um objecto.


É precisamente naquilo que diz respeito à oração que o Papa insiste quando se refere ao Rosário. Diz o Papa que é necessário viver a experiência da Igreja a partir do núcleo que é a experiência orante. E mais, o Papa insiste que a Igreja só se afirmará no mundo de hoje como e enquanto escola de oração. O Rosário é, por isso, colocado entre o conjunto de instrumentos e meios que, ao longo dos séculos, a Igreja assumiu como caminhos de ajuda à identificação com Jesus Cristo.

Aquilo que se tem por importante na vida repete-se sempre. Gostamos de repetir experiências que foram determinantes, gostamos de repetir experiências que nos ajudaram a encontrar sentido para alguma coisa. Ao mesmo tempo existem coisas que só repetindo as apreenderemos. É o que fazemos na oração do Rosário: repetimos o amor à Mãe do Céu e essa repetição, em vez de nos cansar, abre-nos o conhecimento interior daquele estilo de vida e de sentimentos que é necessário fazer nascer dentro de nós para podermos estar junto de Jesus Cristo.
É por isso que rezar o Rosário é aprender, com Nossa Senhora, a contemplar Jesus Cristo. Como é que Maria olhava para Jesus e para o mistério de Deus? Com imensa fé, com capacidade de entrega de si mesma, com disponibilidade, com sentido de serenidade nas adversidades, com sentido de fidelidade à missão e, sobretudo, com amor. Desta forma é Maria que, na oração do Rosário e para além da oração do Rosário, nos ensina a acolher o próprio Jesus: ensina-nos a escutar a sua Palavra, ensina a acolher Deus e como se acolhe Deus na vida, ensina a entender os mistérios da sua vontade e a realizar a sua vontade, ensina a entender os mistérios da própria vida humana face à existência e face ao próprio Deus.
Nos vários “olhares” com que contempla o seu Filho, Nossa Senhora é modelo de contemplação para todos os crentes. Contempla-O com olhar interrogativo quando se perde no Templo (“Porque nos fizeste isto ? Lc 2, 48) e contempla-O com olhar penetrante, capaz de compreender as suas razões e os seus pensamentos, como em Caná (“Fazei o que Ele vos disser” Jo 2, 5). Contempla-O com olhar doloroso, como aos pés da Cruz, e contempla-O com olhar radioso e ardoroso na ressurreição e efusão do Espírito Santo (Act 1, 14). Maria é modelo de contemplação em todos estes olhares. E por isso o Rosário é uma oração eminentemente contemplativa, que recorda e contempla, que traz ao coração vezes e vezes sem conta as recordações dos momentos perto de Jesus Cristo.
Se Nossa Senhora é modelo de contemplação, então podemos dizer que o grande desafio que nos é feito é que entremos nesta “Escola de Maria” para aprendermos a configurarmo-nos com Cristo. É nesse mesmo sentido que o Santo Padre soma ao conjunto dos mistérios da vida de Cristo os mistérios da Luz (luminosos). Eles expressam e explicitam a vida de Jesus (1 – Baptismo no Jordão; - Revelação nas Bodas de Caná; - Anúncio do reino; - Transfiguração; - Instituição da Eucaristia).
E o Papa ensina mesmo um método prático de rezar o Rosário: enunciação do mistério e contemplação de uma imagem alusiva; leitura ou escuta de um texto da Sagrada Escritura; momento de silêncio contemplativo; Pai-Nosso; dez Avé-Marias; Glória e jaculatórias. Além de todo este método, o Papa chama a atenção para a importância de se ter um Terço ou Rosário na mão.
Rezar o Rosário, diz o Santo Padre, ajuda-nos: a perceber Deus como Pai, Filho e Espírito Santo; a entender melhor a revelação de Jesus Cristo e a sua centralidade na história da Salvação; ajuda ao compromisso cristão; faz-nos sentir Igreja-comunhão; responde à nossa vida e ajuda a entendê-la.
“Rezai o Terço todos os dias” foi o grande pedido de Nossa Senhora de Fátima nas Aparições entre Maio e Outubro de 1917.

E “todos os dias” … é todos os dias!

Pe. Emanuel Matos Silva

AS COMUNIDADES EM FESTA

Desde a grande festa da Páscoa da Ressurreição de Jesus Cristo, que é a FESTA por excelência, que marca o tom a todas as festas litúrgicas e a vida de cada cristão, as comunidades da missão Católica de Língua Portuguesa, que está neste cantão de Vaud, e um pouco por toda a Igreja que peregrina na Suíça, tem desdobrado a Festa em outras festas muitas importantes. Entre elas destaco a Festa da Eucaristia.
Como noutras comunidades, assim aconteceu em Yverdon: a 18 de Abril. Depois Valentin: a 25 de Abril. Seguiu-se Vevey: a 02 de Maio e terminou Mon-Gré: a 09 de Maio.
Para além do sacramento da Eucaristia em si mesmo, é uma verdadeira festa ver o brilho nos olhos destas dezenas de crianças que recebem Jesus Eucaristia pela primeira vez. É uma festa também ver o orgulho dos pais, que ultrapassam, assim, metas importantes do crescimento [da fé?] dos seus filhos. É uma festa para as catequistas e a Missão, em geral, por ter cumprido a sua missão de anunciar Jesus Cristo, e de O levar, ressuscitado, vivo, digo mais, Fonte da Vida, para quem o quer receber.


Felizmente, alguns pais já são sensíveis e já não participam no ridículo de fazer passar os seus filhos [aqui, mais as filhas …], vestindo-os de noivos e de noivas, num claro contra testemunho de fé e num escândalo pelo dinheiro que se gasta, escusadamente. Muitos pais vestiram os filhos com alegria, sem dúvida, mas com uma roupa que pode ser usada no dia-a-dia. Para esses pais vai o obrigado da Missão por nos ajudarem a centrarmo-nos no PRINCIPAL.
Mas à volta deste assunto [como de tantos outros] a reflexão impõe-se: Em que Eucaristia participaram a esmagadora maioria das crianças no domingo a seguir a sua Primeira Comunhão? E no outro? E no outro … ?
Se a vida do cristão gravita em torno de Jesus Eucaristia, que significado tem terminar a catequese e logo as eucaristias se esvaziarem de pais e de crianças? E mesmo durante o ano catequético, por que nos sentimos obrigados a fazer “truques” para que as crianças - os pais das crianças – participem na eucaristia de cada domingo?
Com toda a compreensão que se possa ter em alguns casos, apetece-me dizer, com o título do livro de Daniel Sampaio: Inventem-se novos pais. Ou, se calhar, que os pais de hoje sejam como foram os seus pais, que assumiram verdadeiramente o compromisso do dia do baptizado de seus filhos: … e prometeis educá-lo na fé, para que, observando os mandamentos, amem a Deus e ao próximo, como Cristo nos ensinou? Sim prometo, respondeu cada um dos pais [pai e mãe].
Se não é à volta da Eucaristia de cada domingo que a comunidade cristã gravita, é à volta de quê? Para que existe, então a Missão? Para que estamos aqui, nós os padres e assistentes pastorais?

Como dizia, a reflexão impõe-se.


Pe. Zé Carlos

MORGES - REABERTURA DA CAPELA DA LONGERAIE

Era com evidente satisfação e alegria que os católicos das diversas comunidades da região de Morges – de língua francesa, portuguesa, italiana e espanhola – marcavam presença em grande número no primeiro domingo de Maio, para a reabertura da Capela da Longeraie.
Foi mesmo uma feliz coincidência – ou, quem sabe, não terá sido antes um sinal que Nossa Senhora nos deu? – que esta reabertura tenha acontecido no início do mês de Maio, o mês de Maria (pois estava prevista para bastante mais cedo, mas os diversos atrasos empurraram-na para… o mês da Mãe!).

Depois de 8 meses encerrada para obras (mais exactamente, desde Setembro de 2009), a possibilidade desta capela voltar a ser utilizada e com muito melhores condições de som e de luz (duas grandes melhorias que se notam imediatamente!) torna-se motivo de grande contentamento, especialmente para a Comunidade de língua Portuguesa, aquela que mais utiliza aquele espaço sagrado.
A celebração do dia 2 de Maio iniciou-se no exterior da igreja, no parque que fica entre o Hotel e o Salão de ginástica. Bem no meio, no espaço ajardinado, tinha sido plantado, dias antes, um carvalho, para substituir o chorão que estava junto à torre e foi arrancado.
Pela hora marcada – 17 horas – monsenhor Rémy Berchier, vigário geral da Diocese e em representação de dom Bernard Genoud, bispo de Lausana, Genebra e Friburgo, rodeado pelos sacerdotes e por todo o povo presente, benzeu a referida árvore, que é sinal da vida e da perenidade, desejando que ali possa crescer e viver durante muitos e muitos anos. E ajuntou ao tronco 3 ou 4 pazadas de terra adubada, mostrando tal jeito para manobrar a pá que a todos impressionou!

Já dentro da capela, iniciámos a celebração festiva da Eucaristia (nós, portugueses, temos por hábito chamar-lhe “igreja”, mas na verdade trata-se de uma capela, pois era a capela do Colégio Salesiano que ali existiu, onde agora é o hotel; o termo “igreja” é reservado para a “igreja paroquial”, que se situa na Rue Louis de Savoie, centro da cidade de Morges).
A Eucaristia, embora seguindo o seu percurso normal, teve alguns momentos próprios de uma celebração especial como era aquela. Por exemplo: fez-se a bênção da água e a
aspersão da capela e da assembleia; e também a incensação e a bênção do altar.
À Comunidade de língua Portuguesa coube a tarefa de participar em diversos momentos e fê-lo sempre com muito brio. Coube-nos proclamar a segunda leitura e a terceira intenção da oração universal. Também o nosso coro entoou – e bem! – um dos cânticos da comunhão.
No ofertório, houve igualmente uma grande participação da Comunidade Portuguesa. Para além das 2 pessoas da Comunidade que trouxeram ao altar 2 patenas com as hóstias para a Eucaristia, um outro trouxe a nossa bandeira (e até foi necessário emprestar um “porta-estandarte” português…à Espanha!) e foram bastantes as crianças portuguesas que vieram trazer uma flor ao altar. Aliás, uma das notas da celebração foi precisamente a presença de muitas crianças, adolescentes e jovens portuguesas: as famílias trouxeram os seus filhos e o Grupo de Jovens também disse presente! Muito obrigado por essa presença da gente nova, que deu outro colorido à celebração…
No lado oposto da idade (mas com muita juventude de alma!) estiveram os 3 sacerdotes salesianos, que há muitos anos por ali andaram no seu antigo Colégio (agora transformado em Hotel, como se sabe) e não quiseram faltar ao convite para estarem presentes na reabertura da capela. Para eles, houve uma palavra de especial agradecimento e, apesar do peso dos anos, mostraram muita alegria e satisfação pelas obras feitas na sua «antiga» capela.
Esta capela da Longeraie foi construída entre 1954 e 1957, ano em que foi inaugurada, para servir precisamente os alunos do Colégio Salesiano que ali funcionava. Está dedicada a São Domingos Sávio, um santo adolescente que morreu com 15 anos incompletos, sendo discípulo e aluno de São João Bosco.

A GRANDE FESTA DA COMUNIDADE PORTUGUESA

Se é certo que o dia 2 de Maio foi de festa para todos, também é verdade que, para nós, comunidade Portuguesa, a verdadeira «reabertura» da capela seria nos dias 12 e 13.
Aproveitando a coincidência de o dia 13 ser feriado e dia santo na Suíça (festa da Ascensão), a nossa Comunidade achou por bem celebrar a Senhora de Fátima nesses dias. Foi também uma forma de estarmos unidos aos muitos milhares que se encontravam na Cova da Iria e, particularmente, ao santo Padre.
Assim, no dia 12 à noite, a capela da Longeraie encheu-se para a recitação do Terço, que foi rezado em 4 línguas: para além da nossa, rezou-se em francês, italiano e espanhol. Em cada mistério foi feita uma pequena reflexão na língua respectiva, sempre intercalado com cânticos apropriados a Nossa Senhora entoados pelo coro e por todos os presentes (não há português que não saiba de cor os cânticos de Fátima).
Após o terço, saímos em procissão, com a imagem da Senhora no andor. Quase todos os presentes participaram na procissão, apesar das ameaças de chuva, seguindo atrás do andor e entoando os cânticos à Virgem, de todos conhecidos.
No final, já passava muito das 10 da noite, cada um regressou a sua casa, com o coração cheio de paz e alegria, e ainda a tempo de ver o final das celebrações de Fátima, presididas pelo papa Bento XVI.
Dia 13, celebrámos na Longeraie a primeira Eucaristia em língua portuguesa desde Julho passado, a da Festa de Nossa Senhora de Fátima, que se concluiu com a comovente procissão do adeus e um «até para o ano».
No Domingo, 16 de Maio, a capela recebeu a celebração da Primeira Comunhão para 28 crianças da nossa Comunidade.
Pe. José Anastácio Alves