dimanche 27 juin 2010

O ROSÁRIO – COM MARIA; CONTEMPLAR CRISTO

Numa profunda relação ao seu ministério e à capacidade de vencer as provas por que teve de passar na sua vida, o Papa João Paulo II propôs à Igreja, em 2002, um ano dedicado ao Rosário para celebrar os 25 anos do seu pontificado. De Outubro de 2002 a Outubro de 2003 toda a Igreja olhou de uma maneira especial para esta oração que o Papa nos desafiou a valorizar e, sobretudo, a rezar. Logo ao iniciar o Ano do Rosário, como se lhe chamou, em Outubro de 2002, o Papa dava à Igreja a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae ( O Rosário da Virgem Maria). O grande desafio que João Paulo II faz a toda a Igreja nessa sua Carta Apostólica é o de contemplar Jesus Cristo a partir dos olhos, da vida e da experiência de Nossa Senhora. Nossa Senhora, Aquela que melhor entendeu e acolheu a Palavra de Deus e sua realização, dirá o Papa, nos ensinará o mesmo dinamismo de acolhimento.

O Rosário é uma oração que todos nos habituámos a conhecer e com o qual, directa ou indirectamente, quase todos em Igreja já lidámos. Mesmo que alguns nunca o tenham rezado ou nunca tenham tido nas mãos o Rosário, ele não é de todo um objecto estranho. Nas mãos de pais e avós, nas mãos de um padre ou religiosa, nas mãos de muita gente em Fátima ou no “bem português” ornamento de espelho de veículo, já toda a gente, certamente, se cruzou com o Rosário enquanto objecto e instrumento de oração.
Algumas modas mais recentes colocam-no ao pescoço, usam-no como “porta-chaves”, objecto etnográfico de decoração, mas perderam o seu sentido específico e original. Contudo, cruzar-se com o Rosário enquanto objecto, não é de todo “cruzar-se” com a experiência de rezar o Rosário. E o Rosário é, sobretudo, uma experiência de oração. Por isso mesmo ele não se resume a um objecto.


É precisamente naquilo que diz respeito à oração que o Papa insiste quando se refere ao Rosário. Diz o Papa que é necessário viver a experiência da Igreja a partir do núcleo que é a experiência orante. E mais, o Papa insiste que a Igreja só se afirmará no mundo de hoje como e enquanto escola de oração. O Rosário é, por isso, colocado entre o conjunto de instrumentos e meios que, ao longo dos séculos, a Igreja assumiu como caminhos de ajuda à identificação com Jesus Cristo.

Aquilo que se tem por importante na vida repete-se sempre. Gostamos de repetir experiências que foram determinantes, gostamos de repetir experiências que nos ajudaram a encontrar sentido para alguma coisa. Ao mesmo tempo existem coisas que só repetindo as apreenderemos. É o que fazemos na oração do Rosário: repetimos o amor à Mãe do Céu e essa repetição, em vez de nos cansar, abre-nos o conhecimento interior daquele estilo de vida e de sentimentos que é necessário fazer nascer dentro de nós para podermos estar junto de Jesus Cristo.
É por isso que rezar o Rosário é aprender, com Nossa Senhora, a contemplar Jesus Cristo. Como é que Maria olhava para Jesus e para o mistério de Deus? Com imensa fé, com capacidade de entrega de si mesma, com disponibilidade, com sentido de serenidade nas adversidades, com sentido de fidelidade à missão e, sobretudo, com amor. Desta forma é Maria que, na oração do Rosário e para além da oração do Rosário, nos ensina a acolher o próprio Jesus: ensina-nos a escutar a sua Palavra, ensina a acolher Deus e como se acolhe Deus na vida, ensina a entender os mistérios da sua vontade e a realizar a sua vontade, ensina a entender os mistérios da própria vida humana face à existência e face ao próprio Deus.
Nos vários “olhares” com que contempla o seu Filho, Nossa Senhora é modelo de contemplação para todos os crentes. Contempla-O com olhar interrogativo quando se perde no Templo (“Porque nos fizeste isto ? Lc 2, 48) e contempla-O com olhar penetrante, capaz de compreender as suas razões e os seus pensamentos, como em Caná (“Fazei o que Ele vos disser” Jo 2, 5). Contempla-O com olhar doloroso, como aos pés da Cruz, e contempla-O com olhar radioso e ardoroso na ressurreição e efusão do Espírito Santo (Act 1, 14). Maria é modelo de contemplação em todos estes olhares. E por isso o Rosário é uma oração eminentemente contemplativa, que recorda e contempla, que traz ao coração vezes e vezes sem conta as recordações dos momentos perto de Jesus Cristo.
Se Nossa Senhora é modelo de contemplação, então podemos dizer que o grande desafio que nos é feito é que entremos nesta “Escola de Maria” para aprendermos a configurarmo-nos com Cristo. É nesse mesmo sentido que o Santo Padre soma ao conjunto dos mistérios da vida de Cristo os mistérios da Luz (luminosos). Eles expressam e explicitam a vida de Jesus (1 – Baptismo no Jordão; - Revelação nas Bodas de Caná; - Anúncio do reino; - Transfiguração; - Instituição da Eucaristia).
E o Papa ensina mesmo um método prático de rezar o Rosário: enunciação do mistério e contemplação de uma imagem alusiva; leitura ou escuta de um texto da Sagrada Escritura; momento de silêncio contemplativo; Pai-Nosso; dez Avé-Marias; Glória e jaculatórias. Além de todo este método, o Papa chama a atenção para a importância de se ter um Terço ou Rosário na mão.
Rezar o Rosário, diz o Santo Padre, ajuda-nos: a perceber Deus como Pai, Filho e Espírito Santo; a entender melhor a revelação de Jesus Cristo e a sua centralidade na história da Salvação; ajuda ao compromisso cristão; faz-nos sentir Igreja-comunhão; responde à nossa vida e ajuda a entendê-la.
“Rezai o Terço todos os dias” foi o grande pedido de Nossa Senhora de Fátima nas Aparições entre Maio e Outubro de 1917.

E “todos os dias” … é todos os dias!

Pe. Emanuel Matos Silva

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