lundi 27 décembre 2010

EDITORIAL

Eis-nos no Natal ! Natal de novo ! E chegam-nos as saudades daquela infância em que o tempo passava lentamente e o Natal ficava sempre num futuro tão distante que, de vez em quando, íamos a correr para junto das nossas mães : « Ó mãe, então o Natal nunca mais chega ?! »
E eis que chega de novo! Todavia, a sua chegada não nos cansa nem aborrece. Natal tem o sabor da novidade de Deus. Alguém disse um dia que Deus é eterna Juventude. Que enquanto em nós o tempo deixa as suas marcas, há um passado que sempre nos acompanha e um futuro que por vezes nos angustia, Deus é o eterno presente, n’Ele tudo se faz sempre novo. « Eis que faço novas todas as coisas » !
As palavras ditas por Deus há milhares de anos têm o sabor fresco da novidade, sempre que lhes abrimos com verdade o nosso coração. Os sinais e gestos de Deus, gestos de proximidade e de encontro, vistos com o olhar da Fé, têm sempre o gosto e o reflexo de uma primeira madrugada. São como o raiar do sol, em cada novo dia…

Deixemos, caros emigrantes do cantão de Vaud, que este Natal, em nós, tenha o sabor da novidade ! O sabor do acolhimento de um Deus que se faz Menino, que encarnou (como dizemos ao rezar o Credo) para melhor experimentar o nosso mundo e viver as alegrias e os sofrimentos de cada homem e cada mulher! « Em tudo igual a nós excepto no pecado » - assim foi a vida terrena do Filho de Deus, Aquele de quem celebramos uma vez mais o nascimento.

Não nos inquietemos se o Pai Natal povoa a imaginação das nossas crianças, mas não nos esqueçamos de dizer-lhes a verdade. A verdade sobre o Natal ! Que nas nossas casas não falte nunca um pequeno presépio ! E falai aos vossos filhos de Maria e de José, do Menino que também é Deus e dos pastores que foram os primeiros a reconhecer n’Ele o Messias ; dos Magos que vieram de longe e de como Herodes (um rei tão astuto e poderoso !) se assustou e teve tanto medo que até tentou matar um Menino tão frágil e indefeso!

Em meu nome e no de todos os sacerdotes e colaboradores da Missão, a todos vós e às vossas famílias desejo um Santo e Feliz Natal e um 2011 repleto das Bênçãos do Menino Deus.

Pe. José Anastácio Alves

O PRESÉPIO

Por que nós cristãos fazemos o Presépio? Na verdade não é um ritual como os outros, ligados à tradição natalícia, mas é fazer reviver num lugar, muitas vezes personalizado com elementos novos, o acontecimento mais extraordinário e único da vinda do Salvador na historia humana. Desde a encarnação até ao nascimento de Jesus há a espera vigilante dos fiéis que na frente da manjedoura vazia esperam com Maria “os dias do parto”, os dias do nascimento do Salvador.
São os evangelistas Lucas e Mateus que descrevem pela primeira vez o “Auto Sacro” que vemos realizado ainda hoje, graças à iniciativa de São Francisco de Assis. - Ele foi o responsável pela composição do primeiro Presépio.

Foi feito na noite de Natal de 1223, em Grécio (Rieti - Italia), o “Auto” do nascimento de Jesus em Belém, num cenário natural e com personagens reais, todos envolvidos na lembrança do Acontecimento Sagrado. O amor e a devoção da “Encarnação da Palavra de Deus” e a necessidade de ver também com os olhos do corpo a fragilidade e a pobreza que foi circundando Jesus no seu nascimento, foi o motivo que estimulou São Francisco de Assis a fazer o Presépio. O exemplo de São Francisco fez escola e a devoção ao Menino Jesus tornou-se tradição na espiritualidade franciscana e em toda a Igreja.
O maravilhoso “auto” de Natal, que toma durante o passar do tempo o nome latim de “praesepium”, isto é “manjedoura”, de um lado estimula a fantasia dos primeiros cristãos, aparecendo para eles o mistério menos escondido de um Deus que se fez homem, de outro lado leva-nos a sublinhar alguns aspectos transcendentais como a divindade do Menino e a virgindade de Maria.
O Presépio é um “auto” rico de símbolos. Aparecem no Evangelho de São Lucas a manjedoura, a adoração dos pastores e a presença dos anjos no céu. Outros elementos pertencem a iconografia própria da arte sagrada: Maria com um véu azul que simboliza o céu, o boi e o burrinho que não podem faltar em todos os Presépios, vêm de uma antiga profecia de Isaías que diz: “o boi não reconheceu o seu patrão ...”. A gruta ou a estrebaria, onde nasceu o Messias não aparecem nos Evangelhos canónicos, porém segundo a tradição, foi construída a Basílica da Natividade neste lugar. Também temos poucas informações pessoais dos reis magos no Evangelho de São Mateus. Encontramos em documentos arménios antigos os nomes destes sábios orientais: Melkon, Gaspar e Balthasar. Assim eles entraram no presépio como símbolos das populações conhecidas naquele tempo, ou seja Europa, Ásia e África.
Fazemos o Presépio porque na simbologia natalícia por excelência, exprimimos o desejo de preparar um lugar interior para o Emanuel, Deus conosco, que vem habitar entre nós. Da esperança se passa a alegria, da espera ao nascimento, do Advento ao Natal, da realização do Presépio à contemplação do Menino Jesus.
Pe. Hélder da Silva

FESTA DO NATAL NAS COMUNIDADES DE VEVEY, MONTREUX E AIGLE

O clima nas nossas comunidades portuguesas de Vevey, Montreux e Aigle já é de muita alegria e expectativa para as festas que se aproximam. Carinhosamente, as nossas comunidades vão-se preparando para viver intensamente este tempo tão especial e marcante na vida do povo cristão. Vevey foi a nossa primeira experiência de intensidade para a abertura da preparação ao Natal. No dia 11 de Dezembro aconteceu a Festa do Natal no salão paroquial da paroisse Notre Dame de Vevey. Nossas catequistas que já se vinham preparando juntamente com nossas crianças da catequese, organizaram e prepararam este momento de alegria e convívio inesquecível para aqueles que lá estiveram. Antes de iniciar a nossa festa as catequistas e nossas crianças já lá estavam organizadas e anciosas com seus trajes representativos do Natal, dispostas a expressar o carinho através do canto.
O Padre Pedro Luis fez a abertura, falando da alegria e importância de viverem bem aquele momento ao mesmo tempo em que fazia um apelo a uma maior participação por parte dos pais, os quais deveriam esforçar-se mais, apesar do trabalho e da luta diária, para um melhor engajamento nos nossos momentos, em especial da Celebração Eucarística. As nossas catequistas apresentaram o significado do presépio, levando ao povo uma melhor compreensão das imagens que usamos nos nossos presépios.

Em seguida recitaram juntos a seguinte mensagem: QUANDO FOR O NATAL; “ Quando for o Natal vamos viver em harmonia e em paz! Quando for o Natal a humanidade pode enganar-se falando de termos esquecidos e já quase não vividos… Enfim, quando for o Natal podemos viver o que não vivemos durante o resto do ano! Será este o Natal que desejamos, ou será que o resto do ano é que anda às desavenças com aquilo que verdadeiramente queremos? Sempre que celebramos o Natal ou tentamos encetar a tarefa de lhe dedicar algumas palavras, tentamos escolher adjectivos e verbos para fazer sobressair a época festiva. Falamos de harmonia, paz, alegria… Tantas palavras que soam tão bem nesta época natalícia. Pois é… tentamos criar em alguns dias do ano a ilusão de que todo ano é assim vivido. Ficamos com o nosso íntimo plenos de satisfação por enfeitarmos uma árvore de Natal com arrebiques coloridos e transportamos para o nosso essa ilusão: adornamos os nossos sentimentos e o nosso ser nesta altura do ano. Podemos viver numa aversão total aos valores natalícios durante o ano mas nesta altura, sim, nesta altura parece bem! Há uma expressão de âmbito popular que diz que o Natal é sempre que o Homem quiser. Enfim, será mesmo assim? Pois é… O Natal está próximo. Sentimentos e desejos para esta festa? Sim, há muitos… Mas gostaria de expressar um só neste ano: que cada dia seja vivido com a verdadeira alegria cristã do nascimento de Jesus Cristo. Que a paz e comunhão transmitidas por este tempo festivo se estendam por todo o ano. UM SANTO E FELIZ NATAL PARA TODOS.”

A seguir a esta belíssima mensagem, chegou o momento muito esperado por todos: todas as crianças da catequese se uniram e formaram um Coro e numa só voz cantaram expressando o desejo de um FELIZ NATAL para todos. Depois foi a vez do PAI NATAL entrar de surpresa sentando-se em frente às crianças que vieram ao seu encontro e recebiam bombons de chocolate. Em seguida teve início o momento da partilha e do convívio com uma farta mesa com comidas típicas, resultado da abertura e participação e empenho de todas as pessoas que estão integrados nesta bonita comunidade portuguesa de Vevey. Sendo que também as comunidades de Montreux e Aigle farão este momento no domingo dia 19 de Dezembro. Em Aigle será logo após a missa e em Montreux terá início às 15:30 do dia citado.

Para todos um feliz Natal !!!

Pe. Pedro Luis e comunidades de Vevey, Montreux e Aigle

GRUPO DE JOVENS “TUGAS” EM LUCERNA

O grupo de jovens os “Tugas” foram a Lucerna visitar o Pe. Aloísio para lhe agradecer por tudo o que ele tinha feito durante os 4 anos passados em Lausanne. Os jovens deslocaram-se de comboio na madrugada do Domingo 21 de Novembro. Depois de um trajecto de duas horas, chegaram a Lucerna, onde tentaram encontrar o caminho da Igreja.
Só depois de umas voltas é que encontraram um dos responsavéis, que lhes indicou o caminho a seguir.

Os Tugas animaram a missa com os seus cânticos, foi celebrada com muita alegria e emoção. De facto, o
Padre Aloisio, recordando os momentos passados durante estes 4 anos com os jovens, emocionou-se...
Pouco depois, a seguir ao final da missa, os jovens foram convidados para almoçar na missão de Lucerna.

Um serviço podendo qualificar-se de luxo, foi oferecido aos jovens Tugas; um almoço de grande classe que agradou a todos. No final, foi visionado um vídeo que os jovens tinham oferecido ao Padre Aloisio, quando ele saíu da Missão Católica de Lausanne, para ele nunca se esquecer dos bons momentos passados com eles.
A jornada tendo acabado demasiado rápido, os jovens tiveram de caminhar até a estação de Lucerna para voltar a Lausanne.
Para concluir, os Tugas não vão esquecer tão rápido este dia, que demonstrou a simpatia e a generosidade da comunidade portuguesa de Lucerna. Essa mesma comunidade que ficou comovida pelo empenho dos Tugas, tendo o Padre Aloísio concluído que gostaria que os seus jovens de Lucerna criassem igualmente um grupo para animar a Missão Católica de Lucerna e espalhar a fé.
Pe. Aloisio, um grande obrigado !
Um Feliz Natal para todos !
Patrick Dias

A IMACULADA CONCEIÇÃO FESTEJADA NA LONGERAIE

No passado dia 8, apesar de esse ser um dia normal de trabalho no cantão de Vaud, foram muitos os portugueses que acorreram, já noite, à celebração da Imaculada Conceição, na igreja da Longeraie, em Morges.

Eram bem mais de 2 centenas, entre crianças, jovens e adultos, aqueles que quiserem estar presentes na homenagem à Senhora que o nosso Rei D. João IV, no longínquo ano de 1646 (6 anos após a Restauração da Independência), declarou como Padroeira e Rainha de Portugal.
Na verdade, no dia 25 de Março de 1646, perante toda a Corte, o Rei pronunciou estas palavras: “assentamos de tomar por padroeira de Nossos Reinos e Senhorios, a Santíssima Virgem, Nossa Senhora da Conceição, (...) e lhe ofereço em meu nome (...) e de todos os meus descendentes, sucessores, Reinos, Senhorios e Vassalos a Sua Santa Casa da Conceição sita em Vila Viçosa”.
Das palavras do rei D. João IV, concluímos duas coisas: 1) Que o Rei toma a Imaculada Conceição como Padroeira dos Reinos (na época, o nosso país era oficialmente composto por 3 reinos: Portugal, Algarve e Brasil); e 2) Que decide oferecer a Capela do paço de Vila Viçosa (Évora) à veneração da Imaculada Conceição como Padroeira.

A Festa na Longeraie

Presidida pelo padre Aloísio Araújo, que para tal se deslocou expressamente de Luzerna, a celebração do dia 8 de Dezembro em honra da Padroeira foi verdadeiramente um momento alto de fé e de alegria. De FÉ, porque de maneira profunda e sincera os portugueses uma vez mais prestaram homenagem e louvores à Mãe de Jesus e nossa Mãe, a Virgem Maria. De ALEGRIA, porque o ambiente era de festa, os cânticos alegres a isso convidavam e, no final, ainda houve tempo para um breve convívio no salão junto à igreja.
No decorrer da Missa, outro momento importante foi quando dois adultos (a Susana e o Victor) foram apresentados à Comunidade e se comprometeram a continuar a sua caminhada de fé em ordem ao sacramento do Baptismo, que irão receber na Páscoa do próximo ano, se Deus quiser. Todos nos comprometemos a acompanhá-los com as nossas orações!
A organização da Solenidade estava por conta das 3 comunidades de La Côte – Morges, Etoy e Nyon – mas ali pudemos ver gente de quase todo o cantão. Por isso, foi também um momento especial de encontro dos católicos portugueses das várias comunidades.

É devida uma palavra de parabéns e de gratidão para todos os envolvidos: para a presença amiga dos padres Aloísio e Pedro; para o Coro, composto por elementos das 3 comunidades da Côte, que tão bem cantou e tão bem animou a celebração; para todos os que preparam a Liturgia e o Convívio que se seguiu, em especial às pessoas da comunidade de Morges, que acolheram tão bem todos os que ali se deslocaram e tudo fizeram para que tanto a celebração como o aperitivo fossem do agrado de todos. Um agradecimento ainda aos acólitos, aos que participaram no ofertório, aos leitores e a todos os que deram o seu contributo com amor e dedicação.
A bonita imagem da Imaculada, que foi benzida no início da celebração, tinha chegado de Portugal há poucos dias e é oferecida pelo grupo de Morges que em Setembro passado foi em peregrinação ao santuário de Lurdes.
O peditório da Eucaristia, tal como foi então dito, reverteu a favor da Ajuda de Berço, uma instituição que em Portugal apoia e acolhe crianças pequeninas até aos 3 anos de idade e que está a passar por grandes dificuldades financeiras, estando em risco de fechar uma das duas casas que tem. Graças à generosidade dos presentes, o peditório rendeu 1100 francos (mais de 800 euros), que já foram depositados na conta da Ajuda de Berço, no banco Millenium. Muito obrigado a todos e que Deus vos recompense! (Se alguém quiser fazer um donativo, a partir de um banco português, o NIB é: 0033 0000 02088437765 36 – eis uma maneira de oferecer neste Natal um bonito presente a quem realmente precisa!).