mardi 4 novembre 2008

NOVEMBRO, MÊS DA ESPERANÇA

Ao iniciar o mês de Novembro, o calendário cristão propõe-nos duas celebrações distintas, mas que se completam uma à outra. No primeiro dia, que é Dia Santo e feriado em Portugal, a Igreja celebra a solenidade de TODOS OS SANTOS. No dia 2, celebramos a memória dos FIÉIS DEFUNTOS. Foi de propósito que se colocou uma celebração imediatamente após a outra.
Para nos recordar a todos que, após havermos celebrado com alegria os santos e santas de todo o mundo e de todas as épocas, devemos também recordar os nossos falecidos, entre familiares, amigos, colegas e vizinhos.

A primeira celebração, a do dia 1, chama-se «solenidade», quer dizer, dia solene, de festa. O dia 1 de Novembro não é dia das almas nem dia de pôr flores no cemitério (na verdade, a razão por que muitas pessoas começaram a ir neste dia ao cemitério é apenas por ser feriado e por o dia 2 ser um dia de trabalho). O 1º de Novembro é, portanto, dia de festa, de louvor e gratidão. É dia de alegrar-se com a vida de muitos homens e mulheres, de todas as épocas, idades e terras, que nos deixaram um exemplo de santidade cristã e de vida plena.
Os santos não são apenas padres e freiras. São também outros homens e mulheres, casados e solteiros, crianças, jovens e adultos. São tão santos o Francisco Marto e a Jacinta, que morreram com11 anos, como o santo Antão, que viveu até aos 105 anos!

O dia 2, esse sim, é dia dos Defuntos. A liturgia deste dia diz-nos que esta celebração é uma «memória». Ou seja, uma recordação de todos os que já partiram. Não somente para os chorar, como se apenas nos restassem as lágrimas e a saudade. Mas um dia para celebrar a Esperança que nos anima, a Esperança cristã que nos enche o coração.
Dia de recordar os defuntos, é claro, e de rezar por eles, mas animados pela Fé que nos diz que esses nossos irmãos e irmãs que já partiram deste mundo, se encontram agora mais perto de Deus do que quando caminhavam connosco sobre a terra.
São João da Cruz, grande santo e místico espanhol, compara a vida de Fé neste mundo a uma caminhada na «noite escura». Caminhar numa noite escura não é fácil…Viver realmente da fé não é fácil… Pode ser fácil acender uma vela a Nossa Senhora ou levar o filho à Igreja para receber o Baptismo ou a Primeira Comunhão… mas viver a vida inteira, 24 horas por dia, em atitude de verdadeira Fé, isso é muito mais difícil!
Por essa razão é que São João da Cruz compara a vida do crente neste mundo a uma «noite escura»! Uma «noite» no meio de medos e dúvidas, a par de esperanças e consolações.
Mas após a nossa morte, estaremos mais perto de Deus, havemos de estar com Ele face a face, e então já não é necessária a Fé. Os que morreram já não têm Fé, porque não precisam dela para nada! Eles estão junto de Deus, não precisam de acreditar n’Ele já que estão plenamente na Sua presença. Se estamos ao pé de alguém a quem amamos, não precisamos de fé para acreditar que essa pessoa está bem, pois vemo-la com os nossos próprios olhos!
Mete-nos medo imaginar que estaremos para sempre na presença de Deus? Só se tivermos de Deus uma ideia negativa e não a imagem de um Pai de Bondade e Misericórdia! Se amamos realmente a alguém mais do que tudo, poderemos sentir medo de estar junto dessa pessoa?


Oxalá este mês de Novembro sirva para fortalecer em todos nós a confiança no Amor infinito de Deus. A certeza deste amor de Deus dá-nos a garantia de que a nossa comunhão e amizade com os irmãos defuntos permanece para sempre.
Porque, como diz a Escritura, o Amor é mais forte do que a morte.


Pe. José Anastácio Alves

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