mardi 16 décembre 2008

O EXEMPLO DA VIRGEM MARIA

Conta uma história que, «em certa terra, havia uma mãe que não conseguia que o filho voltasse para casa antes do pôr-do-sol. Então, resolveu meter-lhe medo, dizendo-lhe que o caminho que ele fazia de regresso a casa ficava cheio de assombrações mal o sol se punha. O rapaz, deste modo, assustou-se de verdade e o problema da mãe ficou resolvido: antes de o sol se pôr, lá estava o filho em casa.
O problema é que, com a idade, ele tornou-se um jovem medroso. Temia tanto o escuro da noite e as almas do outro mundo que era constantemente atormentado por pesadelos. Por isso, ao entardecer, era incapaz de sair de casa, fosse por que motivo fosse.
Então a mãe, preocupada, ofereceu-lhe uma medalha e disse que, se ele usasse aquela medalha, as assombrações e as almas penadas nunca lhe fariam mal.
A partir de então, o rapaz deixou de ter medo de sair à noite, mas fazia-o sempre com a medalha bem apertada ao peito».
Alguém se reconhece nesta história do padre António de Mello, contada no seu livro «O canto do Pássaro»?
Talvez muitos de vós respondam imediatamente: «sim, eu reconheço-me nesta história». É que esta história é o espelho de muita religião que por aí anda. Uma religião baseada no medo e na superstição. Havia alguma assombração para atormentar o rapaz? É claro que não! Mas ele acreditava que sim e não era capaz de sair à noite por causa dela… Aquela medalha livrava da assombração? É claro que não, mas ele acreditava que sim e andava seguro sempre que a trazia consigo!


Vamos celebrar o Advento e o Natal, que não nos anuncia uma religião do medo mas da confiança. Deus enviou o Seu Filho ao mundo para nos livrar do medo – do medo de viver e do medo de morrer. Quando, mesmo sem o querer, transmitimos às novas gerações uma religião do medo (quando vezes se pede o Baptismo porque se tem medo que a criança morra ou fique doente???; quando vezes se pede para benzer um carro ou uma casa por medo da inveja dos vizinhos ou da própria família???) estamos a dar cabo da religião! É certo que também houve um tempo em que os próprios padres pregavam uma religião baseada no medo; e o resultado foi que as igrejas ficaram cada vez mais vazias! Porque a religião do medo não se aguenta durante muito tempo!
Quantas pessoas iam à Missa por medo de que lhes acontecesse alguma coisa má? Quando perceberam que não lhes acontecia nada se faltassem à missa, deixaram de ir… Já uma vez alguém disse que não ia à Missa porque, como trabalhava por conta própria a consertar aparelhos eléctricos, cada vez que fosse à Missa perdia umas dezenas de euros…
Mas a Bíblia fala do «temor de Deus», dirão alguns de vós. É claro que fala! O «temor de Deus» é mesmo um dos sete Dons do Espírito Santo! Mas será que «temor de Deus» quer dizer «medo de Deus»? Afinal, qual é o pai que fica contente por um filho ou uma filha ter medo dele? E será que Deus fica contente se tivermos medo d’Ele?
O que é, então, o «temor de Deus»? O «temor de Deus» é o respeito devido a Deus. É dar a Deus o lugar que só Ele deve ter. É dar-lhe SEMPRE o primeiro lugar na nossa vida, porque mais nenhum Lhe serve! Deus não Se contenta com os restos, com o que nos sobra (do nosso tempo ou do nosso amor). Por isso, procuramos conhecer os Seus caminhos e a Sua vontade. Seguindo o exemplo da Virgem Maria, Mãe de Jesus.
No dia 8 de Dezembro celebramos a Imaculada Conceição, padroeira de Portugal. É certo que nos encontramos longe da pátria (e não vamos poder contar com o feriado!), mas, nesse dia, procuremos todos lembrar e homenagear Aquela que Jesus nos deixou como Mãe e a quem o rei D. João IV, em 1646, coroou como Rainha de Portugal.
Pe. José Anastácio Alves

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